Hoje eu acordei com um aperto no peito.
O dia estava tranquilo e até abriu um sol na cidade depois de dias de chuva.
A cidade tinha um tom estranho depois que um vírus que vinha assustando o mundo todo, havia feito 5 vítimas fatais pelo pais.
Os moradores em Florença não mudaram sua rotina por causa das notícias, mesmo sendo nítido sentir a apreensão no ar.
Mas por ser uma cidade famosa pelo turismo, você podia ver aos montes ,todos aqueles turistas e seu terror real.
A cada esquina podia se ver pessoas com mascaras em uma tentativa desesperada de proteção contra algo ao qual elas eram completamente impotentes.
Eu tinha um livro muito vendido pelo mundo e amado pelo mundo nerd ,onde acontecia um surto de um vírus e ele acabava com a nossa sociedade como conhecemos.
Então aquele momento parecia bem menos desesperador do que a história criada para o meu livro.
Era uma forma de encarar e manter a rotina.
Eu estava no mercado com uma garrafa de uísque na mão quando sinto um toque gelado no meu ombro.
Eu não me assustei no toque mas senti uma coisa estranha nele, e isso fez com que eu deixasse aquela garrafa de uísque caísse no chão.
A garrafa ficou em cacos.
Ainda meio perdido com a situação, olhei para trás e dei de cara com a turca do ácido que trabalhava comigo no restaurante em Limerick.
Ela e John estavam namorando e eles estavam ficando uns dias na Itália depois do meu aniversário.
- Desculpa Vigário, não queria te assustar.
Mas olha como o mundo é louco, recebi 5 minutos atrás uma notícia que de alguma forma também é para você e acabo encontrando você aqui logo em seguida. – Ela falava enquanto um funcionário do mercado vinha ajuda com aquele acidente.
- Você não me assustou, eu senti um frio na espinha estranho e por um segundo meu corpo parou. – Eu concluía com um pouco de perplexidade nas minhas palavras.
E ela me encarava com dois olhos arregalados com aquela informação.
- Eu sei que você tentava ser um fantasma no restaurante, e além de mim, você tinha amizade apenas com o pato loco.
Pois é, acabei de ser informada que ele morreu hoje cedo. – Ela falava com um olhar triste.
Pato loco era um chef de cozinha mexicano que em uma cozinha onde só se usava o inglês para se comunicar, ele preferia ignorar a todos e falava em espanhol.
Eu nunca fui muito adepto de papo no trabalho, sempre fui bem mais fechado lá do que o normal.
A turca foi a primeira a romper essa barreira, porque sempre nos encontrávamos pelos bares da cidade.
Já o pato loco tentava sempre uns comentários engraçados tentando puxar papo comigo, mas eu o tratava na minha secura habitual daquele lugar.
Acho que depois que descobri que o restaurante era de Ari, não quis me envolver com os funcionários que deviam me achar como um infiltrado ali.
Até pela minhas regalias de sair em férias quando eu quisesse.
Um certo dia ,eu estava lá no deposito de bebidas do restaurante ,onde sempre ia para fumar e tomar uns goles de vinho.
Quando Pato loco aparece.
- Porque sempre você bebe esses vinhos que só tem nome e mais parecem vinagre, se aqui tem ótimos uísques. – Ele comentava com seu sorriso habitual enquanto abria uma garrafa de uísque irlandês que ele adorava.
Em o que parecia um profundo mergulho naquela garrafa, ele dava um grande gole e me passava a garrafa sorrindo.
- Por favor, se for fazer faça direito, não temos tempo para perder com esse tipo de suco de uva. - Ele insistia me indicando a garrafa.
Nunca ousaria recusar uísque.
Dali em diante fizemos uma amizade.
Deixei de ser o babaca de sempre, para ser o velho Vigário do qual as pessoas se orgulhavam de ser amigos.
Eu ,ele e a turca as vezes íamos depois do trabalho para uma dose ou outra.
Ele era um grande cara.
Um grande coração, uma generosidade como poucos e um astral assustador.
Eu nunca fui fã de ficar próximo a pessoas muito felizes, mas a felicidade dele era diferente.
Não me incomodava.
Segundo ele, porque ela era real.
E não aquela coisa fake que todos tentam passar no dia a dia por pura adaptação social.
Fazia sentido.
Lembro me um dia ,antes das 5 da tarde e já estávamos bêbados pela rua em um dia de folga.
Encontramos o Charlie Chaplin fumante que sempre estava fazendo sua apresentação
artísticas pelas ruas de Limerick.
Ele estava lá sentado como era de costume no seu break, com seu cigarro e seu olhar deprimido.
Sentamos com ele e começamos a conversar.
Ele já me conhecia, então quando Pato loco se apresentou pelo seu apelido, o Chaplin caia na gargalhada.
- Que tipo de nome é esse? Você é algum tipo de traficante de metanfetamina? – Ele questionava chorando de rir.
E todos nos acabávamos na gargalhada com o Pato loco tentando explicar o porquê do seu apelido.
Ficamos ali por quase meia hora de conversa, enquanto eles fumavam e sorrateiramente
dávamos goles na garrafa de uísque que estava no bolso do casaco do Pato loco.
Ele sempre tinha consigo uma garrafa para bolso e era sempre o mesmo irlandês.
Lembro de chegar no bar e ele já fazer o seu pedido.
- Garçom, por favor um uísque irlandês na maioridade. – Falava sempre com seu sorriso diário.
Ele era um apaixonado por uísque irlandês 18 anos.
Essa era uma das boas memórias loucas que eu tinha com o Pato loco.
Na cozinha, ele era um aficionado por fazer fogo.
Tinha um olhar de adolescente feliz quando criava labaredas no preparo do seus pratos.
Voltando como se fosse de uma viagem no tempo, ali no mercado, a turca me dava um abraço forte e eu sentia sua tristeza.
E conseguia me sentir socado inesperadamente, por esse sentimento também.
Era alguém que se importava comigo.
Por mais que eu pareça não me importar com o mundo, eu sabia reconhecer as boas pessoas que eu tinha o privilégio de ter a minha volta.
Ele com certeza fazia parte dessa lista.
Eu e a turca saímos dali com uma nova garrafa de uísque.
Que por alguma coincidência da vida, era a preferida dele que eu estava na mão naquela hora da notícia.
Sentamos na ponte do Rio Arno, em frente a um pôr do sol avermelhado.
Fizemos um brinde ao grande amigo Pato loco e ficamos ali tranquilos bebendo aquele uísque.
A sensação que tivemos foi que ele estava ali do nosso lado sorrindo como de costume, naquela cena que parecia repetir nossos bares pós trabalho.
A vida era muito curta para desperdiçar com péssimas bebidas como ele adorava dizer.
Então parece que ele estava sendo respeitado nesse dia.
Sempre terei uma garrafa do velho uísque irlandês para honra-lo.
O dia estava tranquilo e até abriu um sol na cidade depois de dias de chuva.
A cidade tinha um tom estranho depois que um vírus que vinha assustando o mundo todo, havia feito 5 vítimas fatais pelo pais.
Os moradores em Florença não mudaram sua rotina por causa das notícias, mesmo sendo nítido sentir a apreensão no ar.
Mas por ser uma cidade famosa pelo turismo, você podia ver aos montes ,todos aqueles turistas e seu terror real.
A cada esquina podia se ver pessoas com mascaras em uma tentativa desesperada de proteção contra algo ao qual elas eram completamente impotentes.
Eu tinha um livro muito vendido pelo mundo e amado pelo mundo nerd ,onde acontecia um surto de um vírus e ele acabava com a nossa sociedade como conhecemos.
Então aquele momento parecia bem menos desesperador do que a história criada para o meu livro.
Era uma forma de encarar e manter a rotina.
Eu estava no mercado com uma garrafa de uísque na mão quando sinto um toque gelado no meu ombro.
Eu não me assustei no toque mas senti uma coisa estranha nele, e isso fez com que eu deixasse aquela garrafa de uísque caísse no chão.
A garrafa ficou em cacos.
Ainda meio perdido com a situação, olhei para trás e dei de cara com a turca do ácido que trabalhava comigo no restaurante em Limerick.
Ela e John estavam namorando e eles estavam ficando uns dias na Itália depois do meu aniversário.
- Desculpa Vigário, não queria te assustar.
Mas olha como o mundo é louco, recebi 5 minutos atrás uma notícia que de alguma forma também é para você e acabo encontrando você aqui logo em seguida. – Ela falava enquanto um funcionário do mercado vinha ajuda com aquele acidente.
- Você não me assustou, eu senti um frio na espinha estranho e por um segundo meu corpo parou. – Eu concluía com um pouco de perplexidade nas minhas palavras.
E ela me encarava com dois olhos arregalados com aquela informação.
- Eu sei que você tentava ser um fantasma no restaurante, e além de mim, você tinha amizade apenas com o pato loco.
Pois é, acabei de ser informada que ele morreu hoje cedo. – Ela falava com um olhar triste.
Pato loco era um chef de cozinha mexicano que em uma cozinha onde só se usava o inglês para se comunicar, ele preferia ignorar a todos e falava em espanhol.
Eu nunca fui muito adepto de papo no trabalho, sempre fui bem mais fechado lá do que o normal.
A turca foi a primeira a romper essa barreira, porque sempre nos encontrávamos pelos bares da cidade.
Já o pato loco tentava sempre uns comentários engraçados tentando puxar papo comigo, mas eu o tratava na minha secura habitual daquele lugar.
Acho que depois que descobri que o restaurante era de Ari, não quis me envolver com os funcionários que deviam me achar como um infiltrado ali.
Até pela minhas regalias de sair em férias quando eu quisesse.
Um certo dia ,eu estava lá no deposito de bebidas do restaurante ,onde sempre ia para fumar e tomar uns goles de vinho.
Quando Pato loco aparece.
- Porque sempre você bebe esses vinhos que só tem nome e mais parecem vinagre, se aqui tem ótimos uísques. – Ele comentava com seu sorriso habitual enquanto abria uma garrafa de uísque irlandês que ele adorava.
Em o que parecia um profundo mergulho naquela garrafa, ele dava um grande gole e me passava a garrafa sorrindo.
- Por favor, se for fazer faça direito, não temos tempo para perder com esse tipo de suco de uva. - Ele insistia me indicando a garrafa.
Nunca ousaria recusar uísque.
Dali em diante fizemos uma amizade.
Deixei de ser o babaca de sempre, para ser o velho Vigário do qual as pessoas se orgulhavam de ser amigos.
Eu ,ele e a turca as vezes íamos depois do trabalho para uma dose ou outra.
Ele era um grande cara.
Um grande coração, uma generosidade como poucos e um astral assustador.
Eu nunca fui fã de ficar próximo a pessoas muito felizes, mas a felicidade dele era diferente.
Não me incomodava.
Segundo ele, porque ela era real.
E não aquela coisa fake que todos tentam passar no dia a dia por pura adaptação social.
Fazia sentido.
Lembro me um dia ,antes das 5 da tarde e já estávamos bêbados pela rua em um dia de folga.
Encontramos o Charlie Chaplin fumante que sempre estava fazendo sua apresentação
artísticas pelas ruas de Limerick.
Ele estava lá sentado como era de costume no seu break, com seu cigarro e seu olhar deprimido.
Sentamos com ele e começamos a conversar.
Ele já me conhecia, então quando Pato loco se apresentou pelo seu apelido, o Chaplin caia na gargalhada.
- Que tipo de nome é esse? Você é algum tipo de traficante de metanfetamina? – Ele questionava chorando de rir.
E todos nos acabávamos na gargalhada com o Pato loco tentando explicar o porquê do seu apelido.
Ficamos ali por quase meia hora de conversa, enquanto eles fumavam e sorrateiramente
dávamos goles na garrafa de uísque que estava no bolso do casaco do Pato loco.
Ele sempre tinha consigo uma garrafa para bolso e era sempre o mesmo irlandês.
Lembro de chegar no bar e ele já fazer o seu pedido.
- Garçom, por favor um uísque irlandês na maioridade. – Falava sempre com seu sorriso diário.
Ele era um apaixonado por uísque irlandês 18 anos.
Essa era uma das boas memórias loucas que eu tinha com o Pato loco.
Na cozinha, ele era um aficionado por fazer fogo.
Tinha um olhar de adolescente feliz quando criava labaredas no preparo do seus pratos.
Voltando como se fosse de uma viagem no tempo, ali no mercado, a turca me dava um abraço forte e eu sentia sua tristeza.
E conseguia me sentir socado inesperadamente, por esse sentimento também.
Era alguém que se importava comigo.
Por mais que eu pareça não me importar com o mundo, eu sabia reconhecer as boas pessoas que eu tinha o privilégio de ter a minha volta.
Ele com certeza fazia parte dessa lista.
Eu e a turca saímos dali com uma nova garrafa de uísque.
Que por alguma coincidência da vida, era a preferida dele que eu estava na mão naquela hora da notícia.
Sentamos na ponte do Rio Arno, em frente a um pôr do sol avermelhado.
Fizemos um brinde ao grande amigo Pato loco e ficamos ali tranquilos bebendo aquele uísque.
A sensação que tivemos foi que ele estava ali do nosso lado sorrindo como de costume, naquela cena que parecia repetir nossos bares pós trabalho.
A vida era muito curta para desperdiçar com péssimas bebidas como ele adorava dizer.
Então parece que ele estava sendo respeitado nesse dia.
Sempre terei uma garrafa do velho uísque irlandês para honra-lo.