Ainda moleque,lembro de uma entidade,andando pela rua ,fumando seu cigarro,ali pelo centro do Rio de Janeiro ,falando em alto e bom som a seguinte frase;
“Aos Covardes,a inexistência de paz.”
Era uma cena nada comum e que trazia um certo nível de loucura da noite daquela cidade.
Pois bem.
Essa memória me veio a tona hoje.
A frase que deveria ser estampa de uma das minhas camisa,parecia ser um tipo de praga jogada ou algum tipo de maldição,mas na verdade era apenas a realidade.
O covarde jamais terá paz.
Qualquer passo que você se acovardou em dar,vai te assombrar pelo resto da vida.
Não importa seu sorriso no rosto e as coisas fluindo,a cicatriz ardendo na pele da sua covardia vai sempre te acompanhar.
Nunca vai deixar você esquecer e com isso, vai roubar de você o direito da plena paz.
Existe ainda a covardia do mau-caráter.
Essa,é abençoada com uma paz ficcional.
O covarde mau-caráter tem uma vida melhor,porque sua empatia zerada é um fator que proporciona fingir com mais eficiência a falta de dor.
Vai se aproveitando e tirando vantagem de um,depois de outro sem grandes feridas visíveis,mas a dor esta ali.
E essa ferida funciona como uma úlcera,se abrindo,aumentando e pulsando pontadas de dor.
O personagem permanece por um tempo,mas a vida faz questão de derrubar isso em algum momento.
Porque essa frase do covarde me veio em mente?
Maeve ,minha empresária em uma de suas sagas para me fazer escrever algo novo,estava tentando descobrir como me motivar.
- Você produzia mais quando estava deprimido,mas agora nem seus fracassos amorosos te afetam mais - Dizia ela com um toque de deboche levemente indignado.
Eu apenas achava graça.
Mas essa ideia de que escrevo melhor quando estou deprimido é um pouco romantizada.
Pelo contrário,as vezes me sinto sem palavras em momentos de tristeza,onde as pessoas esperam de mim lindas palavras.
O álcool pode ter uma influência maior na minha escrita,mas também é um caminho glamorizado e perigoso.
Eu escrevo quando as palavras fazem sentido para mim,da mesma forma que abro minha boca para falar.
Sempre fui assim.
Na sua missão injusta de me tirar algo que fosse uma faísca,Maeve quis se atualizar sobre meus últimos e vários desastres em questão de relacionamento.
Mesmo sabendo de cada detalhe por Faith.
Faith acompanhava cada mulher que entrava na minha vida atualmente,como se fosse uma proteção pós toda a tragédia de Florença.
E ja se foram algumas.
A sequência do trem fantasma começou com a homicida.
Depois se abriu a porteira do inferno.
A suicida
A kamikaze
A vizinha
A viciada
A mãe do meu suposto filho
A covarde
A ego de deus
A interesseira
Todas como uma tempestade de caos.
Mas mesmo com adjetivos tão chamativos,a covarde foi a que me chamou atenção na análise negativa.
E olha que ela nem atirou em mim.
Mas eu gerei um sentimento de repulsa por ela.
A covardia dela se demonstrava aos meus olhos como um sinal de pequeneza.
Além de demonstrar egoísmo,futilidade e um espírito medíocre.
Foi assim que aquela cena e as palavras da entidade vieram do fundo das minhas memórias me deixando um sorriso no rosto.
Eu não perco meu tempo com pensamentos negativos para outras pessoas,minha cota de pensamentos negativos são para mim mesmo.
Mas a frase se repete no ar e eu tendo a mover minha cabeça positivamente concordando com aquela conclusão.
Aos Covardes,a inexistência de paz.