Quando sua vida congela,aquele momento em que você se vê sem saída, sem escapatória, pois bem, todos passam por isso um dia.
Por mais maduro ou psicologicamente forte que você seja e enfrente seus problemas, um dia você vai parar e respirar fundo para continuar.
Essa hora chega como uma bela porrada na boca do estômago que te pegou desprevenido.
Achava que já tinha passado por isso,tendo em vistas as grandes tristezas e fatos amargos que já vivi.
E esse foi meu erro.
Com esse pensamento minha guarda baixou.
Já estava sendo minado constantemente por uma pressão de futuro,problemas cotidianos,amores frustrados e malditas ressacas.
Foi então que me vi sem saída e enojado com o pensamento de continuar.
Minhas opções se apresentavam como uma estranha roleta russa.
Com um revolver de cano bem longo apontando para minha boca.
Seu tambor era enorme e completamente preenchido por suas balas.
Depois de alguns minutos de agonia, percebi que havia um espaço vazio no tambor.
Uma saída pelo menos existia.
Minha mão é que segurava a arma,sem nenhuma respostas aos meus comandos.
E eu ali na velha brincadeira da roleta russa.
Uma piada ácida eu diria.
Ali esperando meu dedo cumprir seu papel,pensei em toda minha vida.
Os poucos que eu sentiria falta,e como eles superariam essa perda velozmente.
Sabe,quando se pensa em depressão,sofrimento,angustia e todos esses sentimentos que te causam dor, tem algo de muito estranho que te mantém nisso.
Algo que você saboreia sem perceber.
As vezes acho que toda dor tem um lado de prazer,e por isso que ela se prolonga.
Me sinto assim,na pior fase da minha miserável vida.
Sentindo um prazer em todo esse sofrimento.
E ao mesmo tempo sem saco para continuar.
Pronto para explodir e sair fora dessa tortura que é o mundo.
Agora não mais me vejo em desespero com aquela arma apontada para minha boca a espera de um espasmo do meu dedo.
Talvez um pouco triste por me sentir incapaz de uma saída.
Um pouco de orgulho ferido por essa fragilidade aparente.
Mas uma boa sensação por me comportar tão bem diante uma derrota.
Reação essa que nunca fui bom,admito.
No final de tudo teria superado meu pai,com toda aquela arrogância e sua pseudo superioridade perante todos,que jamais admitiria que perdeu mesmo diante sua derrota.
Meu velho era muito bom para ajudar a te diminuir,te derrubar,um grande falso moralista e sem erros,viria com seu discurso pudico,e eu já teria apertado o gatilho repetidas vezes atrás da bala.
Agora continuo preso dentro deste pesadelo,aguardando que a vida faça seu trabalho.
Como não vejo saídas fico aqui me alimentado desse pequeno prazer que essa dor me traz.
Um sentimento triste,talvez ate mórbido, porem real...