terça-feira, 23 de julho de 2019

Como conquistar uma mulher





Com esse título pretensioso e arrogante que comecei uma das minhas colunas em um jornal americano.

Como a internet globalizou as mídias de um modo geral, minha coluna chegou em vários países pelo mundo.

E na Irlanda não foi diferente.

Tanto que fui convidado a dar uma entrevista na rádio.

Eu estava em uma conversa de bar com Faith, quando ela me encarando de forma doce, abriu essa discussão.

- Vigário, como você tem tanto sucesso com as mulheres? - Questionava com um olhar de admiração.

- Não seja tonta Faith, você sabe que não é assim. - Desdenhei de sua análise.

- Já perdi as contas das mulheres que você esteve.
Desde relacionamentos a atrações fulminantes em situações completamente impensáveis. - Ela analisava de forma séria.

- Nunca conquistei ninguém, elas que me conquistaram.

E nosso papo sobre isso foi se aprofundando.

Na opinião de Faith, eu tinha uma cartilha secreta de regras e mantras que seguia para conquistar alguém.

E ela queria destrinchar essa cartilha.

Eu achava graça daqueles pensamentos.

- Você tem esse ar meio blasé que se intercala com uma empatia calorosa, com certeza isso é uma espécie de charme que você faz.
Usa muito bem seu dom com as palavras em uma conversa, sempre muito afável.
Sem contar nesse seu perfume que chega antes de você e que é realmente marcante. –
Faith parecia estar convencida de que aquilo era minhas armas de sedução.

- Faith, tudo isso que você falou nada mais é do que traços da minha personalidade e preferências.
Algo do meu dia a dia que não se criou por uma tática de atração como se eu estivesse seguindo a arte da guerra de Sun Tzu
. – Tentava convencê-la de que não era um grande mestre da sedução.

Sun Tzu por sinal que já devia ter seus ensinamentos em algum livro de autoajuda do tipo “Conquiste uma mulher seguindo a arte da guerra.

Esse era o mundo patético que eu vivia.
Faith achava graça das minhas explicações.

Ela sim era uma conquistadora.

Ela tinha esse poder exalando como poucas que já conheci.

Os poucos homens que conseguem perceber a independência de uma mulher, são atraídos por uma força magnética inexplicável.

Faith era esse tipo de mulher.

Linda, louca e independente.

Um mulherão.

Porém, mulher para poucos.

Os homens raramente visualizam esse potencial.

Cegos pela própria mediocridade que criaram com seu ar de superioridade na história.

O homem é um ser que com o decorrer da humanidade sempre se achou no controle da situação.

Nunca deu atenção a fatores externos que poderiam afetar ou facilitar esse tipo de aproximação.

Com os passar das décadas, uns foram realmente seguindo essa ideia de que existe uma formula como um dogma.

Por sua vez existe os descrentes como eu e os que usaram dessa dúvida para criar um próprio jogo de índole duvidosa.

Conversando com Faith pude aprimorar meu pensamento sobre todos esses 3 tipos.

O primeiro tipo, o Homem que realmente acredita que existe uma receita.

Vai desde a procura para aumentar feromônios ,até seguir cegamente padrões de estéticas impostos pelo mercado.

Nesse ponto você vê de tudo.

É basicamente como uma beata seguindo dogmas, só que nesse caso, dogmas de marketing comercial.

E daí você vê de todas as modas possíveis.

A época da barba, do coque samurai, do rato de academia, do vegetariano, do defensor dos animais, e por ai vai.

Todas essas fases impostas como um padrão de beleza atual, seja visual ou de personalidade.

Investem em produtos de beleza e higiene focados a ajudar no poder de atração.

Crianças são menos atraídas nos comerciais de brinquedos do que esse tipo de homem atrás dessas formulas.

Esses são os mesmo que normalmente tem um passo a passo para tentar conquistar uma mulher.

Como por exemplo ,a primeira interação, as frases feitas e os planejamentos seguintes.

Pode comparar, fazem isso como um robô em qualquer relacionamento que tentam.

O segundo tipo eu tenho maiores ressalvas.

Esses criam um jogo.

Eles pesquisam sobre a mulher que eles se identificaram e se adaptam a esse perfil.

Esses tem uma cabeça com traços de psicopatia.

Eles manipulam a situação ao seu redor, e aprendem a imitar e replicar emoções apenas no intuito de se sair bem naquela conquista.

Gostam de se aproximar de pessoas fragilizadas emocionalmente e não tem nenhuma responsabilidade emocional quanto a elas.

A diferença para o primeiro tipo é que  não seguem uma cartilha.

Eles montam uma estratégia de acordo com os movimentos como em um tabuleiro de xadrez.

Eu nunca acreditei nesses grupos.

Por isso talvez eu me coloque mais no terceiro grupo.

Para uns ,céticos e para outros homens sem virilidade, ou mesmo covardes.

Mas para mim sempre fez mais sentido dessa forma.

Cada experiência que eu tive, nunca parei para planejar um movimento.

Sempre tive a sensação de que não importasse o que eu fizesse, a mulher já estaria passos a minha frente.

Elas sempre escolheram está ali, achando pontos negativos ou não.

As mulheres tem uma inteligência diferente nesse sentido.

É algo muito peculiar que homem nenhum vai saber explicar.

O erro fatal do homem é achar que conquistou.

Esse erro é mais comum no relacionamento.

O homem cria essa verdade absoluta de que aquela mulher foi conquistada pelo seus belos olhos.

 A partir daí vê todo seu imperial desmoronar sem acreditar.

Ele não percebe que a conquista é diária.

Segue um padrão de um mágico decadente com seu truque repetido de cartas.

Pensa que achou a formula da conquista depois daqueles primeiros bons momentos.

Não percebe que foi analisado e até mesmo relevado por algum aspecto.

Nem mesmo um escritor no auge da sua imaginação e com seu dom criativo consegue fugir desse carma.

Então eu cheguei a seguinte conclusão

A melhor forma de conquistar uma mulher é você saber que é ela que te escolhe.

Minhas palavras bem colocadas nunca foram responsáveis por facilitar meu caminho.

Minha charmosa falta de charme não ajudou a derreter corações por ai.

Meu perfume forte e penetrante, não foi responsável por extasiar ninguém.

E nem meus belos olhos conquistaram nenhuma das minhas musas.

Apenas foram testemunhas de mulheres vorazes e seu dom natural de escolha.

Se você quer saber a melhor formar de conquistar uma mulher, deixe ela te conquistar.

segunda-feira, 15 de julho de 2019

A eterna busca






Foi nessa canção que eu eternizei você.

Foi ouvindo ela 700 vezes por dia que eu me dei conta que não poderia e nem deveria desistir de você.

Você me conhece o suficiente para saber que eu não desistiria.

Nem mesmo depois do meu convincente discurso de quem apenas ia aceitar as coisas como são e iria continuar em novos caminhos.
O dom da palavra me deu de presente o dom de manipular.

Eu nunca usei esse dom com você.

Nunca houve memórias que nos prendesse ao passado como o nosso presente.

Você sempre foi a razão da minha felicidade.

Fizemos um curta com um final choroso.

E nunca gostei de finais tristes.

Por mais triste que meus textos possam ser, eles tem que ter uma luz de esperança.

Não vejo isso nesse nosso final.

Eu não te culpo por se sentir confusa e fugir.

Ninguém mexeu com sua cabeça desse jeito.

Ninguém virou seu mundo de ponta cabeça  como eu.

Nunca consegui ver você como um erro.

Mesmo com as estações passando uma a uma.

La atrás eu esperava o verão para ver o seu sorriso no brilho do pôr do sol.

Agora só torço pelo inverno para me lamentar com o coração gelado e fechado novamente.

Algumas vezes eu só quero fugir.

E com isso vou fazendo o movimento diário de te recriar em milhares de musas diferentes.

As vezes acho que o fogo em meu coração se apagou.

Minha alma talvez tenha congelado.

Eu não vejo salvação.

Depois que você deu as costas e se foi.

Eu só queria conseguir entrar na sua mente por segundos.

Sentaria na sala das suas recordações.

Onde não haveria noite ou dia.

O tempo não passaria.

Eu recuperaria aqueles sorrisos sinceros e leves.

E apagaria qualquer coisa que fez seu coração chorar.

Remendaria todas suas cicatrizes com estrelas que eu faria questão de caçar para você.

Espalharia rosas por toda sala para incentivar sua memória afetiva.

Eu faria você flutuar de novo na imensidão do universo.

E não haveria sentimento melhor do que ver você flutuar novamente.

De sentir você feliz novamente.

E por mais que eu já tenha visto subir os créditos finais desse curta na tela.

Ficarei ali eufórico e esperançoso por uma cena pós credito.

Aquela cena que fará toda a diferença na história.

Que será um gancho para um recomeço.

Que trará toda a esperança de volta.

Que nos incendiará novamente.

E dessa vez, nem mesmo os deuses ousarão afetar essa fusão de almas e corações.

O mundo será nosso como outrora.

Não haverá mais fronteiras para a nossa caminhada.
Apenas sorrisos e paz.

Enquanto isso não acontece, fico aqui desafiando a eternidade.

E procurando a melhor maneira de não enlouquecer.

Já me encontro fora da minha cabeça.

Me afogo em álcool e mulheres com a desculpa de que conseguirei sair dessa.

mas no fundo minha ficha já caiu e continuarei caminhando nesse vale do arrependimento.

Ainda ouço o som do ukulele que você nunca tocou.

É uma canção doce que eu criei na minha mente.
Que aquece meu coração como o sol na beira mar.

Que emana energia de uma forma nunca antes presenciada por mim.

Como galáxias se colidindo.

Imaginar que você talvez tenha deletado suas memórias de mim é algo assustador.

Um dos maiores medos que já tive.

Pensar que minha imagem possa estar distorcida aos seus olhos, é algo que me faz perder a fome.

Eu nunca aprendi a lidar com isso.

Honestamente, acredito que nunca irei aprender.

Eu enfrentei várias pessoas para ficar com você.

E nada mudou na minha disposição em lutar por nos.

Enfrentaria todo o império Romano e sairia vitorioso se reconquistar você fosse o destino final.

Para sentir a segurança do seu colo novamente, eu moveria céus e terras.

Não haveria limites nessa busca incessante.

Você me conhece.

Me conhece o suficiente para saber que jamais te abandonaria nesse mundo ou em qualquer outro.

Essa saudade só me incentiva a continuar lutar por você.

Você criou algo novo em mim que me fez sentir realizado.

E não abrirei mais mão disso.

Chega de dúvidas.

O próximo voo do Vigário será para um lugar felizmente conhecido.

Os seus braços.

terça-feira, 9 de julho de 2019

O perigo do desistir





Despedida é sempre algo melancólico.

Mas algumas tem um tom maior de tristeza do que deveria.

Tivemos um convívio muito bom.

Historias maravilhosas para contamos aos nossos netos.

Experiências que não trocaria por nada.

Ela sempre foi independente.

Eu nem tanto.

Apenas andava por aí sem destino com um ar de que estava tudo sob controle.

Nossos bons momentos sempre foram estruturados por uma grande amizade e limites bem estabelecidos.

Essa com certeza seria minha relação mais madura e estável nessa longa caminhada.

Algo de sentimentos realmente recíprocos.
Claro que como toda boa relação, tivemos nossos arranca rabos.

Ela sempre foi muito geniosa.

E eu um sempre fui um grande babaca.

Essa mistura pode resultar em algo bom, mas o caminho é espinhoso.

Não foi diferente com a nossa parceria.

Várias vezes ela desistiu de mim e resolveu sair de casa.

Sofri todas as vezes.

Quando percebia que ela tinha ido ,aquilo realmente me afetava.

Me afogava no máximo de álcool que podia.

Nada muito diferente da minha rotina, porém nesse caso bebia acompanhado de uma negatividade nociva.

Mas nunca fui atrás dela.

Na verdade não por orgulho, mas porque nunca tive noção de onde achá-la.

Porem ela sempre voltava.

E eu estaria lá de braços abertos aguardando.

Nossa amizade era um laço muito forte.

Toda vez que isso acontecia, ambos percebíamos o quanto isso machucava.

O quanto isso era sentido.

Todos a nossa volta, ficavam tristes ao saber que ela tinha ido embora novamente.

O que é um sentimento estranho mas que ela percebia como positivo.

Deve ser muito difícil você se despedir de um ciclo e olhando para trás perceber que ninguém está se importando com sua partida.

Acredito que é bem melancólico essa imagem.

Algo que você viveu e se entregou de corpo e alma por tanto tempo, não ter te agregado nada no final.

Lembro me que da última vez ,ela resolveu não se despedir.

Manteve se quieta mesmo sabendo que aquela hora estava chegando.

Você conseguia ver a tristeza no seu olhar.

Sua postura entregava o quão negativo aquilo vinha sendo.

Na hora de ir embora não tinha ninguém para se importar.

Ela olhou para trás antes de ir embora e sentiu que ninguém se importava.

Esse foi o sentimento que ela levou no coração naquele momento.

Eu com certeza senti pela sua ida.

Mas não tinha o poder de reação sobre isso.

Apenas dava lhe a credibilidade nas suas escolhas.

Estaria de braços abertos para se ela quisesse voltar atrás.

Eu não sei o que passava pela sua cabeça.

Nunca fui muito bom em demonstrar meus sentimentos.

Segundo Faith, culpa do meu signo.

Mas signos não podem ser desculpas para o que parecia mais com frieza.

Eu tenho um longo caminho para consertar isso.

Para aprender a demonstrar melhor o que sinto, pelo menos para quem realmente mereça.

Essa meta faz parte da minha longa caminhada em busca de mim mesmo.

Escrever ajuda muito nesse sentido.

Ao mesmo tempo que me esconde do mundo.

Porem no momento meu pensamento é meio que baseado nas belas palavras de John Fante.

Amores e mulheres não são tudo na vida, preciso conservar minhas energias como um escritor.

Depois da última despedida, ela voltou.

E não me encontrou lá.

O que é um dos maiores perigos da vida quando se opta por essa escolha.

Quando Elliot me ligou dizendo que Filé de peixe tinha voltado ,eu abri um sorriso automático.

Ela por sua vez segundo ele ,parecia estar perdida.

Acho que ela pensou que quando voltasse eu estaria lá de braços abertos.

Infelizmente não poderia.

Mas era fácil de resolver.

Elliot vinha passar uns dias de férias na Irlanda e traria minha gata para me acompanhar nessa longa jornada.
 
Toda a melancolia da despedida seria passado.

E ela voltaria a sorrir e se sentir protegida nessa louca vida.