terça-feira, 9 de julho de 2019

O perigo do desistir





Despedida é sempre algo melancólico.

Mas algumas tem um tom maior de tristeza do que deveria.

Tivemos um convívio muito bom.

Historias maravilhosas para contamos aos nossos netos.

Experiências que não trocaria por nada.

Ela sempre foi independente.

Eu nem tanto.

Apenas andava por aí sem destino com um ar de que estava tudo sob controle.

Nossos bons momentos sempre foram estruturados por uma grande amizade e limites bem estabelecidos.

Essa com certeza seria minha relação mais madura e estável nessa longa caminhada.

Algo de sentimentos realmente recíprocos.
Claro que como toda boa relação, tivemos nossos arranca rabos.

Ela sempre foi muito geniosa.

E eu um sempre fui um grande babaca.

Essa mistura pode resultar em algo bom, mas o caminho é espinhoso.

Não foi diferente com a nossa parceria.

Várias vezes ela desistiu de mim e resolveu sair de casa.

Sofri todas as vezes.

Quando percebia que ela tinha ido ,aquilo realmente me afetava.

Me afogava no máximo de álcool que podia.

Nada muito diferente da minha rotina, porém nesse caso bebia acompanhado de uma negatividade nociva.

Mas nunca fui atrás dela.

Na verdade não por orgulho, mas porque nunca tive noção de onde achá-la.

Porem ela sempre voltava.

E eu estaria lá de braços abertos aguardando.

Nossa amizade era um laço muito forte.

Toda vez que isso acontecia, ambos percebíamos o quanto isso machucava.

O quanto isso era sentido.

Todos a nossa volta, ficavam tristes ao saber que ela tinha ido embora novamente.

O que é um sentimento estranho mas que ela percebia como positivo.

Deve ser muito difícil você se despedir de um ciclo e olhando para trás perceber que ninguém está se importando com sua partida.

Acredito que é bem melancólico essa imagem.

Algo que você viveu e se entregou de corpo e alma por tanto tempo, não ter te agregado nada no final.

Lembro me que da última vez ,ela resolveu não se despedir.

Manteve se quieta mesmo sabendo que aquela hora estava chegando.

Você conseguia ver a tristeza no seu olhar.

Sua postura entregava o quão negativo aquilo vinha sendo.

Na hora de ir embora não tinha ninguém para se importar.

Ela olhou para trás antes de ir embora e sentiu que ninguém se importava.

Esse foi o sentimento que ela levou no coração naquele momento.

Eu com certeza senti pela sua ida.

Mas não tinha o poder de reação sobre isso.

Apenas dava lhe a credibilidade nas suas escolhas.

Estaria de braços abertos para se ela quisesse voltar atrás.

Eu não sei o que passava pela sua cabeça.

Nunca fui muito bom em demonstrar meus sentimentos.

Segundo Faith, culpa do meu signo.

Mas signos não podem ser desculpas para o que parecia mais com frieza.

Eu tenho um longo caminho para consertar isso.

Para aprender a demonstrar melhor o que sinto, pelo menos para quem realmente mereça.

Essa meta faz parte da minha longa caminhada em busca de mim mesmo.

Escrever ajuda muito nesse sentido.

Ao mesmo tempo que me esconde do mundo.

Porem no momento meu pensamento é meio que baseado nas belas palavras de John Fante.

Amores e mulheres não são tudo na vida, preciso conservar minhas energias como um escritor.

Depois da última despedida, ela voltou.

E não me encontrou lá.

O que é um dos maiores perigos da vida quando se opta por essa escolha.

Quando Elliot me ligou dizendo que Filé de peixe tinha voltado ,eu abri um sorriso automático.

Ela por sua vez segundo ele ,parecia estar perdida.

Acho que ela pensou que quando voltasse eu estaria lá de braços abertos.

Infelizmente não poderia.

Mas era fácil de resolver.

Elliot vinha passar uns dias de férias na Irlanda e traria minha gata para me acompanhar nessa longa jornada.
 
Toda a melancolia da despedida seria passado.

E ela voltaria a sorrir e se sentir protegida nessa louca vida.

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