Não adianta espernear.
Não adianta se programar, achar que está à frente das coisas.
O mundo vem e te dá uma rasteira.
Isso te faz ficar amargo, te faz se arrepender de um monte de movimentos.
Mas como reagir depois que o mundo te sacaneia?
No auge dos meus 34 anos , eu não aprendi ou minha revolta de espirito não deixa eu aprender.
Se arrepender de ser responsável é um combo ainda maior de toda essa injustiça.
Porque normalmente a porrada injusta da vida só vem quando você está indo na direção certa.
Na errada é tudo alegria.
Mas nunca consegui viver assim.
Minha ansiedade e insegurança jamais me perdoaria se me colocasse nessa posição.
Faith sempre dizia que a porrada na vida tem que servir de empurrão.
mas como?
Quando isso machuca.
Quando isso te faz sangrar.
E a interpretação disso tudo?
Interpretação também é um ponto controverso.
A forma que se visualiza nem sempre é a forma que se interpreta.
Eu sou reconhecido por entendimentos dúbios.
Talvez até um ludibriador.
Mas essa é só uma interpretação.
Eu nunca quis o mundo, mas em algum momento ele me quis.
E então eu decidir aceitá-lo.
Repetindo o mantra que o passado se apaga no minuto seguinte.
Que é do presente para frente.
E que o mundo injusto pode até tentar me engolir, mas não vai conseguir.
Que o mundo vai tentar me machucar, mas eu vou estar protegido.
E se cair ,vou levantar.
Vou gritar para o mundo que não mais.
Não vai ter ninguém para entrar e tentar bagunçar tudo de novo , não dessa vez.
Mesmo sangrando ,eu estou de pé.
Como já diria a Mafiosa, “você sobreviveu a mim”.
O que poderia ser mais difícil que isso?
O mundo foi injusto comigo de novo, e ao mesmo tempo me sorriu de uma forma tímida.
Eu não hesitei.
E lá vou eu mais uma vez para dentro dele.
Nenhuma pedra no caminho vai me atrapalhar.
Nenhum ferimento que eu tenha vai me fazer parar.
O famoso sorriso no rosto e a dor no peito de sempre irão me guiar pelo novo horizonte.
Vigário nunca foi uma aposta.
Sempre foi uma certeza.
E dessa vez não vai ser diferente.
Nem a porra do mundo e suas injustiças vão fazer com que isso mude.
Essas palavras vão ecoar a minha volta.
Faith resolveu aparecer na minha cabana escondida no meio do nada na Noruega.
Ela é do tipo que não se assusta com minha cara feia e meus pedidos mal-humorados para não se aproximar.
La estava ela na frente da minha porta, depois do meu retiro de 1 mês, completamente fora do mundo.
-Você precisa se reerguer e sair dessa escuridão. – dizia ela do lado de fora esperando que eu abrisse a porta na insistência.
Faith tinha esse poder de entender meu limites chegando e toda vez que eu me aproximava demais da escuridão, ela aparecia com toda aquela luz.
Dessa vez não era muito diferente.
Limites tem sido o fator que ando precisando lidar melhor.
Estava arrasado com todos os acontecimentos de Florença e estava próximo da desistência.
E se ela não chegasse pra me dizer o quão covarde seria, eu talvez tivesse feito o pior.
Até me jogar no chuveiro, ela jogou.
E em algum momento sem reação as suas interações, tomei um belo tapa.
Não haveria mais aberturas para erros de rota.
Eu ia voltar a seguir minha intuição,que sempre foi muito boa para identificar futuros problemas.
Mas a muito tempo eu a ignorava.
Não ia me alimentar de pouco nunca mais.
Eu ia tomar o mundo de volta para mim.
O vigário sempre voltava ne, mesmo depois de ser vítima do próprio conto.
Era só uma questão de tempo.
E o mundo injusto jamais me feriria de novo.