sábado, 2 de dezembro de 2023

A sabedoria australiana

 



Ok Ok, antes de contar essa experiência maluca, preciso explicar alguns pontos.

Isso é um diário de cronologia incerta.

Fatos, épocas e momentos da minha vida chegam aqui de forma embaralhada e não tem a pausa devida.

Então é sua escolha embarcar nessa loucura que não segue padrões socialmente aceitáveis.

Outro ponto importante é o meu último relacionamento.

Eu tinha encontrado algo que parecia ser o relacionamento mais tranquilo de todos esses anos.

Tranquilo demais.

E essa foi a primeira rachadura.

Eu vinha de uma fase boa e de um relacionamento saudável, que era raro.

Mas eu não parecia estar à vontade com aquela tranquilidade.

Minha sorridente das sete doses não parecia ter caos suficiente.

E eu me via desestimulado.

Ela parecia não ter ambição, só movimentos robóticos.

E se eu tivesse uma terapeuta, ela iria me dizer que isso não me atraia.

Porque procuro complementos do que me falta.

Mas isso não importa.

Não tenho terapeuta.

No inicio o fogo daquela paixão parecia ser suficiente.

Mas com o decorrer dos dias, aquela paz foi me entediando.

Nada mais clichê  do que ,”Não é você ,o problema sou eu.”

Mas não cheguei a isso.

Ela recebeu uma proposta de uma grande empresa e ia precisar ir para o Estados Unidos por um tempo.

O que era uma piada de mau gosto, já que tudo tentava me levar para a terra do Tio Sam naquele momento.

Mas aproveitei essa nova rachadura para um até logo oficial.

Combinamos de cada um seguir seu caminho, e quem sabe se encontrar no futuro.

Não teve luto.

Parecia que interrompemos a nossa relação antes de ela se transformar em algo mais solido.

Duas semanas depois ela embarcava para o EUA e eu para a viagem com Ari.

Eu e Ari combinamos uma viagem com mistura de perfis.

Ari gostava de mais conforto, mais status e mais poder.

Já o meu perfil era muito mais mundano e simples.

Desconhecidos, problemas comuns e uma cama qualquer para acordar de uma ressaca, eram o pouco que eu necessitava.

Então a viagem tinha uma energia diferente de todas as outras que já tive.

Fomos para a Itália intercalando entre albergues e hotéis 5 estrela.

A nossa vida noturna também tinha um abismo gigante.

Festa onde se encontrava a nata que estava no país, como artistas de Hollywood, políticos influentes, Modelos internacionais e milionários.

Esse tipo de ambiente eu já conhecia muito bem, pois era por onde Ari sempre estava.

E no dia seguinte uma noitada com a galera do albergue, no próprio quarto ou em algum boteco mais raiz que encontrávamos andando pela cidade.

Foram ótimos dias pela Itália por várias cidades.

Ari não tinha problema com o meu estilo de viagem nem eu com a dele, e isso fez com que a experiência fosse bem diferenciada e de um potencial nunca experimentado.

Em Napoli eu me senti um pouco desconfortável, então não ficamos muito tempo por lá.

Afinal a Mafiosa era de uma família muito conhecida na cidade, a Camorra.

E depois de todos os acontecimentos, eu não queria descobrir se algum parente estava chateado comigo.

Ari deu risada depois de dez minutos de caminhada na cidade.

- Eu realmente não lembrei desse detalhe – Ele falava sorrindo e providenciando uma nova logística na viagem.

E nossa próxima parada foram dias pela costa amalfitana.

E que dias.

Participamos de uma festa com o elenco do novo filme do James Bond uma noite em Amalfi.

Ponto alto da festa, foi eu bebendo um gole de um conhaque interessante que o barman dizia que parecia ser meu perfil, enquanto a Eva Green para do meu lado e puxa assunto porque estava entediada naquela festa.

Que momento senhores e senhoras.

Que mulher sensacional.

E que olhos.

Olhos azuis penetrantes como eu nunca tinha visto antes.

Essa são experiências que só Ari consegue me proporcionar.

Ficamos ali conversando por alguns minutos, até que ela se despediu porque precisava descansar.

Antes de se retirar, perguntou se poderia enviar o meu livro que ela tinha em casa para eu autografar depois.

E completamente desnorteado fiz que sim com a cabeça e vi ela se retirar sorrindo.

As vezes eu esqueço que minha escrita também pode chegar aos deuses.

Em Sorrento conhecemos uma galera bem divertida no albergue.

Americanos, argentinos, franceses, australianos, alemães e nos, os brasileiros.

Eu fui dar uma caminhada pelo centro e Ari foi direto para o albergue.

Ari era um cara muito carismático e quando voltei, ele já era amigo de todos.

E já tinha a nossa noite combinada em uma humilde adega da cidade.

La estava eu, vinho barato uma lua cheia enorme e um pessoal de uma energia ótima.

Em algum momento da noite, eu me dei um espaço do pessoal e fiquei na parte de uma sacada que dava direto para aquela lua enorme, enquanto tomava meu vinho na própria garrafa, sem muitas cerimonias.

- Você achou uma boa vista, posso dividir com você esse achado? – Uma voz doce falava atras de mim.

E eu preciso ser honesto.

Eu estava meio aéreo aquela noite e não sei dizer por quê.

E por causa dessa desatenção, eu fui atencioso com a galera, mas nem reparei nas meninas.

Era uma das australianas que estavam com a gente no albergue.

Ela era muito bonita mas não tinha me chamado atenção.

Dei minha garrafa para ela, e assisti ela dar um gole um pouco mais longo do que eu imaginava no meu vinho.

- Desculpa, não sei agir quando me interesso por alguém.
fico meio idiota ate e não sei como começar uma conversa.
– Ela falava meio desconcertada.

Eu achei graça e tentava deixar ela mais confortável com aquela conversa.

Mas ela realmente estava em uma sintonia que parecia ser de uma rádio pirata, o que me divertia.

Com um tempo de conversa, ela começou a se sentir mais confortável e ai ela me deixava desconcertado.

E aquilo foi uma reviravolta engraçada.

Ela sabia o que estava fazendo.

Estava indo fundo na minha cabeça e eu não estava percebendo.

- Você conseguiu o que queria dessa vida? – Olhando dentro dos meus olhos, agora com um semblante mais confiante, ela jogava essa bomba no meu peito.

Ela achou graça da minha cara de impossibilitado para responder aquela pergunta e sorrindo me deu um beijo.

Ficamos ali por algum tempo juntos e no dia seguinte eu estava acordando do seu lado, ambos com uma ressaca enorme e um sorriso no rosto.

Ficamos rodando com esse pessoal por várias cidades que tinha ali em volta como Capri, Positano, Pompeia, Ravello e outras.

Nosso grupo era de 12 pessoas e por algum alinhamento de planetas que nos não sabíamos, todos criaram uma ligação muito grande.

Ari já estava de rolo com uma das francesas, enquanto eu aproveitava meus dias na Itália com, como ela gostava de dizer, minha Aussie Girl.

Em Positano, Eu e ela pegamos uma tarde sozinhos para assistir o por do sol.

E que grandiosíssimo por do sol.

Uma imagem que não consigo tirar da minha cabeça.

Aquele tom avermelhado tomando o horizonte lentamente, com aquele lindo cenário de Positano.

Não existe câmera com tecnologia para registar aquele momento melhor que a minha memória.

- Aqui eu tenho total consciência que eu perco minha cabeça e encontro minha alma – Novamente com um gole mais longo que o normal, agora em uma cerveja, a australiana falava olhando para aquela pintura que estava na nossa frente.

Enquanto eu sorria e admirava aquele pôr do sol, ela quebrava aquele silêncio me perguntando sobre nós, pós aquela viagem.

E mais uma vez eu estava lá, naquele lugar escuro e desconfortável da falta de palavras para uma resposta.

Logo eu ,um escritor.

E ela parecia entender meu desespero e resolveu deixar as coisas mais leves com seu humor.

- Desculpe pelo meu inglês exótico, eu sou uma aussie girl – Ela falava debochando e rindo da minha cara.
- Fazemos assim.
Vou voltar para a Australia e você vai lá me visitar.
Ficaremos bêbados juntos e você vai desafiar um macho alfa de algum grupo de cangurus para provar que você é digno de um relacionamento a distância comigo.
– Ela me fitava como se aguardasse minha resposta de positivo com seu sorrisinho de canto de boca.

Eu só sorri concordando com a cabeça, e dessa vez eu é que dava um longo gole na cerveja.

Ficamos mais alguns dias juntos.

Curtimos Capri em meio a milhares de cabras andando entre nós.

Fui em todas as lojas de souvenir possíveis e imagináveis atrás dos ímãs de geladeira que ela colecionava de cada cidade que passava.

Parávamos a cada dois minutos para ela fazer carinho em algum gato de rua ou pegar alguma flor que lhe chamou atenção.

Voltei para casa com umas dez flores no cabelo e ela com uma quantidade que já era quase uma coroa de flores.

Foram dias leves.

Dias onde nada de ruim conseguia chegar em mim.

No dia da despedida, a coisa foi diferente.

Um clima melancólico tomou o ar.

na nossa conversa final antes de cada um parti para o novo rumo, combinamos de não nos falarmos mais.

Foi uma opção dela, e não pareceu ter sido uma decisão fácil.

Mas eu concordei e disse que respeitaria o que ela decidisse.

No terminal de trem todos estávamos indo para diferentes regiões.

Então todo o grupo pegou trens diferentes.

Ela me deu um beijo de despedida que parecia aquele gole de vinho.

Mais demorado do que eu esperava.

Eu senti mais peso daquela despedida.

- Você seria espancado pelo canguru. – Ela sorria meio que disfarçando um choro, enquanto me dava um soquinho no peito e ia para dentro do seu trem.

O trem finalmente partiu, depois de segundos que pareciam séculos.

E eu via aquele olhar triste se afastando.

A viagem mal tinha começado e eu já estava afetado pela nova fase.

A despedida da minha aussie girl foi de um peso que eu não esperava.

Malditos escritores e essa mania de crias histórias por onde passam.


Mas ela era intensa demais para se contentar com um encerramento sem muitas sequelas.

Alguns dias depois, já na Grécia com Ari vivendo la vida, chega uma mensagem dela.

Já era noite, eu tinha andado bastante como um verdadeiro turista, além de ficar na praia o dia todo bebendo.

Então tinha uma falta de energia social misturada com cansaço que te joga com astral um pouco para baixo, e aquela mensagem veio como um belo soco para terminar minha noite.

-Você nunca vai encontrar a mesma pessoa duas vezes, nem mesmo na mesma pessoa.

Dorme com esse Vigário...

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Atualizações desatualizadas

 



Eu sei que eu me odeio.


Tenho total consciência disso.


Minha série de auto boicotes não são inconscientes.


Sei que meu sentimento de simplesmente desistir e descansar é real.


Mas não vejo isso como um problema ou uma doença.


Enquanto não acontece,sigo vivendo.


Entediado?


Bastante 


Mas continuo remando esse barco,enquanto desejo apenas me afogar.


Meus amigos tem sido mais presente e eu mais sociável.


Minha vida amorosa com a minha sorridente da qual chamo de Sete doses,estava bem tranquila.


Fazia bastante tempo que não vivia algo real como nesse relacionamento.


E isso estava me fazendo bem.


Limerick parecia mais brilhante e aconchegante.


E isso significava que finalmente aquilo parecia um lar.


Eu estava fazendo a transição para criar raizes.


Isso era algo positivo.


Mesmo com todo o veneno do passado,eu estava florescendo de novo.


Eu ia fazer 1 mês de férias com Ari.


Ele tinha feito eu prometer,um mês viajando aleatório quando eu estivesse melhor.


Eu e ele,sem a nossa enorme comitiva.


Parecia ser uma boa ideia quando eu resolvi aceitar o convite.


Agora olhando os planos oficiais parecia que tinha vendido minha alma para o diabo.


Ari montou uma viagem de 1 mes onde nos vamos ficar 3 dias no máximo em um país,e dai pula para outro.


Minha juventude tinha me abandonado,mas parecia que ele ainda não percebia isso.


Minha vida profissional tinha mudado completamente.


Sai de um hiato congelante para um novo ciclo,com novas fases.


A sensação era que eu saia da aposentadoria depois de muito tempo.


Mas essa fase foi necessária para eu chegar aqui.


Para sair do abismo que eu me encontrava,precisei cavar um pouco mais.


Tudo é aprendizado.


Eu estou aqui hoje menos tóxico para as pessoas e para mim.


E as pessoas que passaram pela minha vida e marcaram negativamente foram se deteriorando da minha memória com o tempo ate virarem poeira.


Criei uma proteção de mulheres que vivem a procura do próximo curativo.


Essas normalmente vivem como um parasita em todos os relacionamentos que entram,porque não conseguem terminar o vínculo da ferida antiga.


Esse perfil tem mais band-aid do que feridas.


Minha miopia estava maior e eu continuava me negando a lidar com ela.


O mundo era muito melhor com essa visão limitada.


Enquanto só me atrapalhava com a vida social e não com a minha escrita,ainda era lucro.


Não voltei para a terapia.


Não estou me comendo em um espelho de academia.


Mas consegui achar soluções mais saudáveis para a minha mente.


Que sempre foi o meu legado e o que quero proteger.


Esses dias saiu uma matéria sobre meus novos trabalhos e nela o jornalista fazia um preâmbulo sobre mim.


Algo mais atualizado e ao mesmo tempo bem antigo.


“Vigário não era moderno mas era carregado pelo tempo.

O escritor reservado que ao mesmo tempo todos sabiam alguma história.

A escrita afiada que não feria mais ninguém.”


Achei aquilo um elogio ate.


Nunca tive pretensão de porra nenhuma.


Minha escrita foi de algo terapêutico para meu ganha pão.


Nunca fiz essa transição na minha cabeça.


Eu era uma notícia no jornal velho.


E assim queria permanecer.


Agora to aqui montando minha mochila para cumprir minha palavra com Ari.


Minha palavra quando dada é lei.


Se eu sobreviver,teremos capítulos de uma nova fase bem insana.


Se eu bater as botas saiba que pela primeira vez eu estava em paz.


Atenciosamente Vigário 


quarta-feira, 4 de outubro de 2023

7 doses de whiskey

 



Ela servia nossas doses de whiskey.


A minha com gelo e a dela a la cowboy em dose dupla.


Ela iria para mais duas doses duplas.


Aquilo não fazia sentido.


Eu estava sóbrio novamente e nem o whiskey me animava como antes.


Então preferi deixar também a minha dose para ela.


Ela bebia como alguém que tinha herdado minha falta de álcool de todo esse tempo.


Esse demônio gritava dia e noite.


Eu conseguia ouvir suas súplicas por álcool.


Me arrepiava algumas vezes.


Outras, me jogava em uma bad vibe.


Mas no geral não sentia vontade de beber.


Então, aparentemente meu demônio mudou de corpo.


Ela bebia como meus velhos tempos.


Além de outras coisitas mais…


Ela era indomável mesmo para a arte sublime de se embriagar.


Engraçado que minha vida estava de cabeça para baixo, e ela vinha como a último peça que derruba toda a torre de copos.


Mas ela sorria.


Sorria como ninguém.


Eu, que já estava me acostumando com sorrisos falsos, parecia encontrar algo novo naquele sorriso.


E ela me pegou de primeira.


Sem falar uma palavra.


Só sorrindo para mim.


E eu, que corria de relacionamentos nessa fase da vida, me encontrava de novo naquela paixão incontrolável.


Vigário era mais uma vez presa fácil de um sorriso bonito.


E ela já chegou diferente de todas.


Sem manipulação emocional.


Não existiam joguinhos.


O que até me assustou no início.


Não sabia que existia mais dessa raça.


Mas ela tinha um problema.


Lógico,sempre tem.


Pontualidade era um pecado para ela.


E isso revirava minha úlcera.


Enquanto escrevo esse conto ,vejo seis ligações perdidas.


E era ela.


Antes que eu possa retornar,ela faz a sétima ligação.


“tô a meia hora daí”


3 horas depois do horário marcado.


Ela achava que o dia dela tinha que ter 48 horas.


Trabalhava para duas empresas e ainda queria ter uma vida social e um relacionamento.


Parece até que a vida não ensinou nada.


No geral, seus atrasos não seguiam esse padrão ou eu ja teria me enforcado.


Eram coisas de 15 a 20 minutos,mas a lógica por trás dos atrasos eram somente,querer resolver tudo em um dia.


E ai ela abria a porta com aquele sorriso hipnótico e pedia desculpas como ninguém.


Nem o gato de botas era páreo para ela.


Ela tinha um estilo tatuada mas do tipo que não curtia mostrá-las.


Mesmo sendo muitas.


Ela dizia que suas tatuagens não foram feitas para entreter marmanjos ou facilitar a entrada em um grupo de adolescentes tardias.


Ela era ácida pra caralho.


O que eu achava lindo.


Minha família seria dizimada em uma mesa de bar com ela.


Eu não fazia comparação dela com o passado,vivia daquele ponto de partida como se o passado tivesse sido enterrado.


E foi.


Enterrado no jardim do esquecimento.


Ela sempre dizia para mim “essa noite vai ser como o encontro do sol e a lua”.


E ate dessa referência eu me desapeguei e deixei que ela desse um novo sentido.


Era um novo capítulo.


Melhor,era um novo livro. 


Com potencial para encher uma biblioteca com cada fase que viria.


Ela não gostava de escritores.


Talvez por isso tenha se apaixonado por mim.


Me encontrou na época de zero inspiração,zero escrita.


No dia do que ela chamou de nosso aniversário de namoro,ela me deu pacote de sopa de letrinhas.


Como se fosse o estímulo irônico para eu nunca voltar a escrever.


Ela dizia que minha escrita seduzia o mundo e os enganava.


Ela não se importava de eu nao beber.


Ela não me achava um chato sem álcool,o que era como eu me enxergava.


E isso me estimulava a curtir minha fase não alcoólica.


Ela não precisava do meu dinheiro,tinha mais que eu.


E isso era algo que para mim nunca fez diferença,mas nessa relação estava sendo um diferencial.


Sem malabares com facas flamejantes.


Para ser sincero,eu não tinha ideia de onde estava meu cartão por eras.


Ela era louca ,o que eu amava.


Mas nunca sua loucura tentou me transformar em refém.


A loucura só aparecia para complementar a gente.


A minha se dava muito bem com a dela.


Eu estava meio sem rumo e decidido a ficar assim por um tempo.


E ela topou essa.


E topou de verdade.


Sem encenação ou ganhando tempo para me convencer de outro caminho.


Ela já tinha entendido que eu nao colocava curativos nas feridas.


Eu esperava cicatrizar e só ai partia para outra fase.


Ela me entendeu.


E como é bom dizer isso.


Saber que alguém te entendeu de verdade.


Agora,está aqui na minha frente,pintando minhas unhas dos pés de preto que foi a primeira coisa que ela viu em mim.


E ela adorava.


Dizia que fazia parte da minha essência.


E ela continua sorrindo enquanto pintava minhas unhas.


E enquanto isso eu ficava viajando pelas suas tatuagens.


Uma a uma,ficava horas assim,olhando suas milhares de tatuagens,cada detalhe.


Sentindo com as mãos as linhas de cada contorno.


Sempre pedindo a ela para explicar o sentido de cada uma,o sentimento que aquela tatuagem trazia.


E esse movimento era como se eu estivesse a despindo,mas despindo a alma.


E ela tinha a alma mas linda que eu podia tocar.


E eu já ate tinha esquecido as 3 horas e meia de atraso e dava um trago no whiskey pelos velhos e bons tempos do Vigário.