terça-feira, 29 de abril de 2014

A rosa que virou razão



Há uns quase dez anos atrás, há essa hora, não exatamente nesse dia, meu telefone berrava pela madrugada em meu cubículo social.

Por incrível que pareça, levantei da cama atordoado de sono, sóbrio e sem ressaca, algo incomum em minha rotina.

Um momento mágico eu diria, se não fosse a noticia dada.

Sempre fui um cara egoísta.

Não me preocupava com os poucos amigos de verdade que tinha.

Ignorava o vinculo sanguíneo que me ligava aos familiares e ate minha gata já não me encara mais como um belo dono.

Com o telefone no ouvido recebendo a noticia, percebi que existia algo que eu realmente me importava na vida, e que acabara de perder.

Caroline havia sofrido um acidente e acabava de falecer.

Sempre fui um idiota, e agora me sentia o rei deles.

Ela sempre foi à pessoa que cuidou do meu eu e todas as minhas merdas de verdade, sem esperar nada em troca.

Os melhores conselhos.

Quem realmente me levantava quando eu estava caído e acabado.

Nunca pude fazer nada para recompensar todo seu carinho e não consegui demonstrar o quão importante ela era na minha vida.

Ela foi um amor verdadeiro e só agora percebo isso.

Nada sexual, mesmo com minha doença em transformar qualquer mulher interessante em uma nova paixão.

Caroline era diferente de todas as mulheres que conheci.

 Ela teria um futuro brilhante e com seu largo sorriso e seus sinceros olhos arredondados conquistaria o mundo.

Mas ela nunca quis isso.

Sua ambição atual era só me fazer sorrir.

E enfrentando toda minha rabugentice, ela tentava de alguma forma me trazer de volta à ativa.

De volta aos meus textos e artigos, como ela dizia “da vida que você não pode fugir”.

Não achei uma boa ideia ir ao seu enterro.

Não tenho problemas com cemitério, mas vê meu porto seguro ir embora sem o seu habitual sorriso no rosto, era demais ate para esse egoísta de merda que vos fala.

Ontem, depois de tantos anos, eu estava sentado no gramado, em frente a sua lapide, onde seu corpo estava enterrado.

Mesmo sem crenças espiritualistas, resolvi deixar ali meus sentimentos verdadeiros, como nunca havia feito, junto com uma rosa vermelha que ela gostava tanto.

Tinha saudades.

Me sentia um comum sem seu apoio de sempre e tentava seguir em frente mesmo fracassando diversas vezes.

Ali sentado tinha certeza  que deveria continuar por ela.

Se não conseguia uma razão na vida, minha razão seria ela.

Meu real sentimento era que daria a minha vida para que ela pudesse continuar a dela.

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