Se você achou esse bilhete, entenda como uma humilde despedida.
Sempre fui muito bom com as palavras, mas quando se trata das últimas é um pouco mais difícil.
Meu cérebro começa a fervilhar e criar palavras, termos e expressões que nem eu mesmo lembrava conhecer.
É um pouco irritante e mesmo frustrante, já que eu nem ao menos tenho de quem me despedir.
Sempre fui solitário, e fiz questão de tentar afastar todo mundo que importava.
Nesse final eu ouvi frases como “eu estou preocupado contigo”, “é tão difícil encontra pessoas que valem a pena e quando te encontro, você quer se afastar” e “sua empatia vai te matar”.
Todas de pessoas e em contextos diferentes, porem que teoricamente deveria fazer eu continuar lutando.
Mas eu cansei.
Fico muito feliz de ver o sucesso dos poucos ao qual mesmo eu querendo manter longe, representam um ótimo sentimento no meu coração.
Pessoas que tem suas lutas e suas fraquezas, mas continuam sua caminhada, sem desistir no final como eu.
Eu lutei por muito tempo para manter uma espécie de fogo da alma queimando, mas talvez minha frieza não tenha colaborado nesse trabalho.
Eu não culpo ninguém, muito menos a vida.
Joguei o jogo o quanto eu quis e isso me deu experiências inesquecíveis.
Pessoas surpreendentes das quais amei verdadeiramente, mas que nunca demonstrei de forma verdadeira.
Não tive o prazer de ser derrotado pelos meus vícios assim como meus ídolos, minha derrota foi mais a entrega dos pontos.
E hoje percebo que mesmo na maior escuridão, você consegue encontrar luz.
Mesmo na cegueira do ódio, o amor.
E mesmo com a tristeza desse bilhete, espero que você consiga lembrar do meu sorriso.
Não quero ser lembrado como nada além do que eu realmente era.
Para uns um egoísta, para outros um espírito livre.
Seja qual for sua conclusão, saiba que não me importo.
Quem entrou no meu coração, lá ficará
Seja nas cinzas ou debaixo da terra.
Beba por mim e sorria.
Se eu pudesse mudar alguma coisa na minha vida, apenas potencializaria esses dois pontos.
Beberia e sorriria mais.
Se te machuquei, me desculpe.
Sempre fui um idiota, que às vezes, na intenção cega de me proteger ou proteger outra pessoa, agia para não se importar muito com sentimentos alheios.
Mas sempre admiti que era um humano falho.
Não vou me penitenciar, não tenho essa criação cristã de pecados.
Quero apenas que minhas últimas palavras tragam um pouco de conforto a quem as procura.
Meu único arrependimento em vida, foi apenas não ter a coragem de falar sobre meus sentimentos abertamente com quem eu deveria ter falado.
Mas, ao mesmo tempo, foi uma escolha.
Me jogaria na frente da bala mil vezes se tivesse a certeza de que não deixaria você se machucar.
Eu jamais iria querer interferir no futuro de alguém com uma energia tão boa e diferente do que eu tinha sentido até então.
Foi realmente uma experiência diferente, e nesse final me trouxe a paz final de que eu precisava.
Eu não sei o que acontece depois da morte e nem quero saber.
Mas minhas memórias e meus afetos, ninguém, nem mesmo a sombra da morte irão tirar de mim.
Nunca faltou amor, faltou amar.
Após ler esse bilhete que fiz para uma de minhas crônicas, resolvi amassar e jogar fora.
Vai que eu tenha um mal súbito e as pessoas imagine que eu me matei.
Seria no mínimo cômico para o legado do Vigário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário