Sempre tive um fascínio pela morte e pelo pós.
Há quem diga que sempre fui meio mórbido.
Eu prefiro dizer que as energias mais negativas me atraem.
Voltei para a bela Florença.
Mas o novo normal do mundo era estranho para mim.
Eu tinha mini ataques de ansiedade quando via muitas pessoas nas ruas.
Evitava sair desde então e vivia como uma sábio eremita.
Um ermitão alcoólatra.
Era eu, minha gata entediada e minhas garrafas.
Não tinha avisado para ninguém que estava na cidade.
Nem mesmo a Mafiosa, a cartomante ou meu amigo mímico.
Meu contato com o mundo era apenas com os entregadores de comida e bebida.
Eu estava quebrado.
O mundo parecia estar quebrado também.
Era fácil de identificar as rachaduras nas pessoas lá fora.
Os discursos egoístas.
A empatia tratada como uma idiotice ideológica.
Lá da minha janela com minha garrafa na mão, eu tentava entender o que era aquele momento.
A roda ainda girava mas o hamster estava morto.
Há quem diga que sempre fui meio mórbido.
Eu prefiro dizer que as energias mais negativas me atraem.
Voltei para a bela Florença.
Mas o novo normal do mundo era estranho para mim.
Eu tinha mini ataques de ansiedade quando via muitas pessoas nas ruas.
Evitava sair desde então e vivia como uma sábio eremita.
Um ermitão alcoólatra.
Era eu, minha gata entediada e minhas garrafas.
Não tinha avisado para ninguém que estava na cidade.
Nem mesmo a Mafiosa, a cartomante ou meu amigo mímico.
Meu contato com o mundo era apenas com os entregadores de comida e bebida.
Eu estava quebrado.
O mundo parecia estar quebrado também.
Era fácil de identificar as rachaduras nas pessoas lá fora.
Os discursos egoístas.
A empatia tratada como uma idiotice ideológica.
Lá da minha janela com minha garrafa na mão, eu tentava entender o que era aquele momento.
A roda ainda girava mas o hamster estava morto.
E parecia que ninguém se importava.
Eu tinha a sensação que os dias passavam bem devagar.
No meio de toda essa loucura, parece que
alguma engrenagem do planeta tinha sido afetada.
Talvez corrompida.
Eu tenho uma facilidade para identificar essas coisas, como bom e velho ser quebrado que sou.
Mas é difícil de passar por isso.
Eu tenho aquele aperto no coração o tempo todo.
Minha respiração está cada vez mais pesada.
Eu tenho tantos planos.
Tanta coisa entalada aqui que eu queria falar.
Mas tenho essa sensação de adeus diário.Talvez corrompida.
Eu tenho uma facilidade para identificar essas coisas, como bom e velho ser quebrado que sou.
Mas é difícil de passar por isso.
Eu tenho aquele aperto no coração o tempo todo.
Minha respiração está cada vez mais pesada.
Eu tenho tantos planos.
Tanta coisa entalada aqui que eu queria falar.
Nem mesmo meus lobos querem sair da toca por esses dias.
Acredito que estou flertando com a loucura.
Caí dos céus como os anjos renegados.
Meus olhos me dão uma visão do mundo que parece ser um tipo de punição divina.
Se eu acreditasse nesse tipo de coisa.
Você não precisa ir ao inferno para ser punido.
A forma que você enxergar as coisas pode ser a pior das punições.
Em algum momento da quarentena ,eu sentei lá de frente para o pôr do sol esperando pelo o último dia do mundo.
Aquele evento apocalíptico digno de Hollywood.
Ou mesmo uma simples poeira que passaria finalizando tudo.
Nada disso aconteceu.
Se aconteceu, estou aqui sem a menor ideia de que já deixei de existir.
E sinceramente,não tenho arrependimentos.
Fui um ser livre desde sempre.
Pelo menos de alma.
Sempre fui leal ao que eu achava certo.
Aproveite todos os excessos que eu podia ter.
Trazia até o ultimo dia um resquício daquele fogo e espírito rebelde lá da minha juventude.
Errei para caralho.
Assumi ,peitei e me aceitei como um ser que erra.
Essa arrogância estúpida de querer cabeças por erros, nunca foi minha praia.
Pedir cabeças sempre foi o grito do lobo em pele de cordeiro.
Rancor sempre foi algo do qual eu mantinha para me manter alerta.
Mas esse gerenciamento é bem complexo e que te traz efeitos colaterais do qual você tem que ter certeza que os quer.
Mesmo isso, nesses últimos tempos eu larguei de lado.
Tive meus amores.
Sempre me entreguei a eles.
Uns deram mais certo que outros, mas todos me ajudaram a crescer como pessoa.
Não levo raiva de nada do passado em relação a isso.
O que é um peso a menos de se levar na alma nessa caminhada tortuosa.
Criei ótimas relações de amizades.
Aquela família verdadeira que não precisa de sangue para ser um dos seus.
Lutei.
Venci.
Perdi.
Sorri.
Chorei.
Bebi.
Acordei com aquela linda ressaca.
E bebi de novo.
Olhando bem não parece que foi uma vida ruim.
Tive uma carreira um pouco maior do que era minha intenção.
Isso aqui nunca foi uma ambição financeira.
Sempre foi uma espécie de terapia.
Talvez por isso eu tenha sido tão odiado por editoras e empresas desse ramo.
“Vigário e sua prepotência de se achar demais para nos.”
Meu tédio e desinteresse sempre foi mal interpretado.
Um dia minha terapia virou a terapia para outras pessoas.
Sem nenhuma intenção.
Isso me manteve aqui.
Sentado de frente para essa máquina velha e barulhenta.
Despejando palavras e pensamentos que aparentemente são capazes de direcionar as pessoas a um autoquestionamento.
Que na minha visão de mundo sempre foi a chave para a evolução pessoal.
Eu nunca fiz isso por dinheiro, e acho que esse foi o diferencial para os resultados que tive.
Pensar que alguém está sendo ajudado de alguma mínima forma por causa dos meus textos faz de mim alguém com uma felicidade diária.
É estranho como meus leitores, pessoas estranhas ao meu mundo, também me ajudam a refletir.
Recebo várias mensagens, com todo tipo de assunto e histórias dos meus leitores.
Até acompanho alguns de uma forma secreta e invisível.
Me preocupo com suas desilusões e suas lutas diárias.
Acompanho suas depressões e suas reações as porradas da vida.
Me sinto de alguma forma responsável por eles.
E isso é muito bom.
Isso é a comprovação que com o passar dos anos, eu venho diminuindo aquele egoísmo de pensar só em mim.
Se você consegue se olhar no espelho e percebe uma evolução mínima que seja, você venceu como ser humano.
Esse texto em algum momento pareceu ter um tom de despedida que não existe.
Longe de mim escrever uma carta de despedida.
O mundo é muito louco.
Nessas horas passa o Zé Maria e por puro sarcasmo te puxa pelo braço.
Isso aqui nada mais é do que um autoquestionamento depois de toda essa loucura que o mundo vem passando.
E um amadurecimento de uma ideia que a Mafiosa me deu antes da quarentena.
De me colocar na posição de ser responsável por mais alguém.
Minha gata segundo ela não conta, por causa da sua independência.
Realmente existe momentos que acho que filé de peixe é quem cuida de mim.
Então hoje nessa pira louca sobre essa grande decisão, eu criei todos esses questionamentos.
Mas ok.
Foi positivo o resultado.
Eu resolvi dar esse próximo passo.
O nome do meu peixe beta é Da Vinci.
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