sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Uma retrospectiva para o analista

 





Esse último ano foi bem pesado.


Depois de anos lidando com a loucura e todas as abdicações que a pandemia nós deu,o ano começava comigo ja meio nocauteado.


Ai vieram perdas,homicídios,tiros e um combo de merda digna de hollywood.


Uma guerra,que no meu caso foi assistida pela Tv e trouxe toda a insegurança do mundo de volta.


E algumas resoluções que ja vinha tentando em anos anteriores.


Eu sempre tive uma relação meio tóxica com a solidão.


Com o se sentir sozinho.


Com o querer estar sozinho.


Sempre foram escolhas,mas como parte de uma insegurança ou medo que nao sabia lidar.


Com o passar dos anos,juntou o fato de querer ser anti social e evitar rotinas com pessoas e virou um grande pacote.


O lidar com isso não foi algo da noite para o dia.


As vezes ia parar em uma festa maluca do Latinni,regadas a drogas e escórias,só para não me sentir sozinho.


Isso me envenenava sem eu perceber.


Na verdade,para ser honesto eu percebia,só não queria acreditar.


Minha energia e algo mais que não sei explicar,pós esse tipo de ato social,eram sugadas e me violentavam a alma e ao corpo.


Primeiro eu fui o que não quer ficar sozinho.


E depois fui o que corria de ver pessoas.


Demorou uma vida para chegar no equilíbrio correto dessa situação.


E essa análise foi feita por pessoas que me dão uma visão de quem está de fora,como Faith e John.


Pessoas que estão acostumadas a lutar por mim quando estou jogado na escuridão.


Demorou para caralho.


Muito mesmo.


Tanto que ate para mim foi difícil de perceber.


As festas eram de menos,porque por mais que eu destruísse minha saúde mental e física,era algo nocivo mas que se finalizava rápido.


O problema era os relacionamentos,que fodiam com tudo em longo prazo.


E eu me enviei em vários.


Muito pelo meu gosto esdrúxulo por coisas insanas mas muito também por não querer estar sozinho.


Ate isso eu consigo admitir hoje.


Entrei em umas experiências que agora vendo que não tinham o peso que parecia,vejo como me auto saboto.


No auge da minha procura pela paz na cabana na Noruega,eu fui tentando reavaliar minha vida até aqui.


Vinha machucado mas isso não seria mais motivo para continuar nesse meu autoflagelo.


E lá em algum momento,consegui perceber que eu sou um boa companhia para mim mesmo nessa minha nova versão.


Que hoje opto por viajar com Ari quando estou bem para isso.


Isso sem jamais deixar de perceber quem realmente está comigo ou me faz bem verdadeiramente.


Sabe aquele papo de vampiros de energia?


Pois é,pelo menos agora não tem mais brecha comigo.


Morar em Limerick,em Florença e naquele pequeno pedaço de terra escondido na Noruega fizeram uma revolução na minha cabeça junto com os acontecimentos recentes.


Engraçado como eu em algum momento achava que a evolução não acontecesse mais depois de uma certa idade.


Não deixei minha fama subir a cabeça e nem a deixei de lado.


Jamais dei as costas para os meus amigos mas também não precisava de política de controle de danos ou média.


Não deixei a onda do jovem couch zen me pegar mas também não me deixei afundar no caos da ansiedade e depressão do mundo atual.


Pois bem,ate o álcool aprendi até uma relação melhor.


O que visivelmente era uma obrigação social que me colocava,e entrando por essa porta virou uma muleta psicológica dos auges da minha solidão auto infringida.


Mas é foda,nunca enxergamos isso com facilidade.


Principalmente se não atingirmos o fundo do poço do alcoolismo por exemplo.


Então o prédio começa a ruir e estamos inertes.


Ai a vida começa a te sacanear.


Ate os amigos de longa data.


Ate os lugares que fugimos por segurança se tornam parte do problema.


E aquele velho lema de viver intensamente,o famoso “amanhã pensamos amanhã”,vira a maior asneira ja escrita por mim.


Eu não tenho ninguém que dependa de mim,a não ser filé de peixe,e isso sempre foi um incentivo a ultrapassar limites pensando nesse meu antigo mantra.


Mas sempre foi uma burrada que a cada jogada mais foda se,eu acabava queimando um tempo da minha vida.


Sempre fui um carro desgovernado.


E isso pode ser pura adrenalina quando se é jovem,depois de velho é só pura burrice.


A demonstração que a vida te ensina e você não aprende porra nenhuma.


Não tem um manual do jeito correto de viver ou fazer as escolhas.


Então com o autoconhecimento,você começa a criar o manual do que não fazer mais.


Ate uma criança,coloca mão em uma tomada,toma choque e se afasta dali de vez.


E eu aqui um eremita sábio e idoso tomando choque a cada 20 segundos.


Eu tenho bastante pessoas ao meu lado que confio,mas meu ganho maior esse ano foi saber que hoje em dia,sozinho eu também estou bem.


Vigário nunca foi razão,sempre foi questionamento.


E talvez a razão tenha me levado ao fundo do poço anteriormente.


É daqui para frente.


O mundo tem bilhões de pessoas e milhões de lugares.


Então sempre preferi errar grande.


Nada de meia dúzia de pessoas 


Nada de 3 lugares.


Se for para errar erre por muito.


Para com essa porra de pequenas apostas.


Porque se você cair,vai se sentir tão imbecil que não vai ter forças para levantar.


A virada é agora e to aqui na minha janela olhando a cidade.


Completamente vazia e silenciosa.


Fria e sem vida.


Não se tem essa alegria pela virada de ano por aqui.


O que é bom para minha nova fase.


Nunca foi tão bom estar sozinho.



terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Existem finais honrados?

 



Minha vida está uma merda e por isso não escrevo mais.


Quando um escritor não escreve,o caos predomina.


Pela falta de palavras,minha vida profissional está desmoronando.


Pela falta de interesse,a parte amorosa se foi.


Pelo ranço de ser de mentira,socialmente não existo mais.


Pela preocupação em não envenenar os meus,amizades foram empurradas para longe.


Pelo excesso de traumas,meu tratamento não fazia mais sentido.


A vida de mentira de rostos felizes e a falsa ideia de que a vida estava sensacional,jamais seria transmitida por mim novamente.


Eu não seria mais um nessa massa deprimente e sem amor próprio.


Eles são maioria.


Mas são uma maioria de frascos vazios.


Vivem para mostrar uma casca reluzente enquanto o interior está morto.


Não geram mais nada.


É bem mais obscuro e sem perspectiva do que minha vida de altos e baixos.


A vida é muito curta para ser o que você não é.


Para tentar se encaixar em um mundo que não é o seu e que não te faz bem.


Para viver uma vida,onde basicamente você não é mais você.


Você se distância a cada dia mais do seu eu de verdade.


Se afasta da sua essência.


E sem perceber,porque os filtros te enganam,você está morrendo.


Você perde seu brilho natural.


Vira algo que não é mais prioridade de ninguém.


As pessoas se cansam de pessoas de mentira.


Não é tão difícil de reconhecer de fora.


Até porque você faz parte de uma multidão de mortos vivos.


Eu acordei no meio da noite com um buraco no coração difícil de explicar.


Não havia novos romances ou novas aventuras.


Era algo que vinha sem um porque.


A falta de prioridades era um ponto novo na minha vida.


O que me aproximava perigosamente do fim.


Eu não tinha mais porque continuar.


E para ser honesto,não tinha mais nem vontade.


Eu estava me empurrando a cada dia.


Dormia horas.


Vivia da droga que era produzida pelos meus sonhos.


Que se resumiam em um final precoce e melancólico.


Eu não to mais afim.


Estou cumprindo tabela.


Eu, um rato velho,acostumado as maiores reviravoltas da vida,não me entusiasmava mais com nada e nem ninguém.


Não tinha mais grandes amores loucos que eu quisesse me embriagar.


Não havia mais loucas viagens que pudessem trazer a velha amiga adrenalina de volta.


O mundo não era mais algo que me confortava.


A sobrevivência me dizimava.


A escuridão não era mais um lugar de conforto para mim.


Meus melhores precisavam aprender a jogar o jogo sem a minha presença no tabuleiro.


Nem mesmo o álcool me trazia as boas memórias.


Pelo contrário,virou o responsável por mostrar minha decadência.


Eu estou agora aqui sentado,as 3 da manhã em um aeroporto vazio e frio sem nenhuma perspectiva ou ideia do que estou fazendo.


Rumo desconhecido e sem dar explicações para ninguém.


Fugir dos problemas é um ato de covardia,que sempre combati.


Mas fugir sem rumo de uma vida que não existe mais,talvez seja um final honrado.