terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Existem finais honrados?

 



Minha vida está uma merda e por isso não escrevo mais.


Quando um escritor não escreve,o caos predomina.


Pela falta de palavras,minha vida profissional está desmoronando.


Pela falta de interesse,a parte amorosa se foi.


Pelo ranço de ser de mentira,socialmente não existo mais.


Pela preocupação em não envenenar os meus,amizades foram empurradas para longe.


Pelo excesso de traumas,meu tratamento não fazia mais sentido.


A vida de mentira de rostos felizes e a falsa ideia de que a vida estava sensacional,jamais seria transmitida por mim novamente.


Eu não seria mais um nessa massa deprimente e sem amor próprio.


Eles são maioria.


Mas são uma maioria de frascos vazios.


Vivem para mostrar uma casca reluzente enquanto o interior está morto.


Não geram mais nada.


É bem mais obscuro e sem perspectiva do que minha vida de altos e baixos.


A vida é muito curta para ser o que você não é.


Para tentar se encaixar em um mundo que não é o seu e que não te faz bem.


Para viver uma vida,onde basicamente você não é mais você.


Você se distância a cada dia mais do seu eu de verdade.


Se afasta da sua essência.


E sem perceber,porque os filtros te enganam,você está morrendo.


Você perde seu brilho natural.


Vira algo que não é mais prioridade de ninguém.


As pessoas se cansam de pessoas de mentira.


Não é tão difícil de reconhecer de fora.


Até porque você faz parte de uma multidão de mortos vivos.


Eu acordei no meio da noite com um buraco no coração difícil de explicar.


Não havia novos romances ou novas aventuras.


Era algo que vinha sem um porque.


A falta de prioridades era um ponto novo na minha vida.


O que me aproximava perigosamente do fim.


Eu não tinha mais porque continuar.


E para ser honesto,não tinha mais nem vontade.


Eu estava me empurrando a cada dia.


Dormia horas.


Vivia da droga que era produzida pelos meus sonhos.


Que se resumiam em um final precoce e melancólico.


Eu não to mais afim.


Estou cumprindo tabela.


Eu, um rato velho,acostumado as maiores reviravoltas da vida,não me entusiasmava mais com nada e nem ninguém.


Não tinha mais grandes amores loucos que eu quisesse me embriagar.


Não havia mais loucas viagens que pudessem trazer a velha amiga adrenalina de volta.


O mundo não era mais algo que me confortava.


A sobrevivência me dizimava.


A escuridão não era mais um lugar de conforto para mim.


Meus melhores precisavam aprender a jogar o jogo sem a minha presença no tabuleiro.


Nem mesmo o álcool me trazia as boas memórias.


Pelo contrário,virou o responsável por mostrar minha decadência.


Eu estou agora aqui sentado,as 3 da manhã em um aeroporto vazio e frio sem nenhuma perspectiva ou ideia do que estou fazendo.


Rumo desconhecido e sem dar explicações para ninguém.


Fugir dos problemas é um ato de covardia,que sempre combati.


Mas fugir sem rumo de uma vida que não existe mais,talvez seja um final honrado.


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