quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

O polêmico conto





Eu sou um escritor bem arcaico, que gosta de sentar e sentir o cheiro da máquina de escrever.

Comecei em outra época de escrita.

Escrevia para jornais e revistas, além de lançar compilados de contos e livros sobre variados temas.

Hoje em dia escrevo para blogs e jornais online, e até tenho que ver pessoas comprando meu e-book.

O que é completamente louco .

Pois bem, meu ritual continua o mesmo.

Sento, me embriago com algo e escrevo na minha máquina de escrever.

Recebi uma proposta de uma revista famosa, e que sabe se lá como, ainda sobrevivia no mercado da Inglaterra.

Me solicitaram um conto sobre sexo, mas acho que a intenção deles era algo bem mais pesado e depravado do que eu enviei.

Eu tinha uma fama de ter a escrita suja, uma fama que não sei de onde surgiu.

Eu escrevia sobre sentimento, não putaria gratuita.

Ignorei e fiz da forma que faria normalmente.

Sentei com Ari e John em um pub e perguntei a eles, qual foi o melhor sexo que eles já tiveram.

John me olhou e sorriu como se fosse fácil.

O melhor sexo é sempre o próximo que estar por vir.
– Falou sem nenhuma credibilidade nas suas próprias palavras.

John seria o primeiro do grupo a casar futuramente, e nunca foi muito mulherengo.

Ari foi mais verdadeiro.

Melhor sexo da minha vida foi com Faith, eu podia sentir a atração entre nós como não senti com mais ninguém.
-  e ele falava com um brilho verdadeiro no olhar.

Ari era completamente apaixonado por Faith a vida inteira, mesmo não sendo muito correspondido da forma que queria.

John sempre foi mais reservado e sua defesa era brincadeiras.

E você Vigário? Que sempre tem uma musa inspiradora do momento, deve ter algo que você tem na sua memória como algo inalcançável –
por incrível que pareça o tom de John era de
seriedade na pergunta.

Aquela conversa era uma espécie de laboratório que fazia normalmente para os contos.

Eu já fui perguntado sobre isso várias vezes na cama, e podia ter optado pela resposta canalha.

 “Com certeza você meu amor”.

Mas nunca fui por esse caminho.

Não era da minha índole.

Sexo para mim era ligação de coisas além do corpo.

Se a coisa não fluísse muito bem, era porque não tinha tido essa conexão mais ampla, ou mesmo a simples falta de química.

Mas eu sempre fui de mergulhar fundo apenas se sentisse essa conexão mínima que fosse.

Realmente, não sei qual foi o melhor sexo da minha vida.

Mas normalmente as de espírito livre são experiências com outro nível de tesão envolvido.

Uma experiência especificamente, que posso falar sobre, não para coloca-la como a melhor, mas para exemplificar essa loucura indescritível, foi uma assim completamente livre de alma.

Ela e eu já tínhamos uma relação meio aberta, estávamos lá um para o outro quando um dos dois necessitava.

Eu sou mais do tipo monogâmico.

Não consigo ter várias relações de intimidade ao mesmo tempo.

Simplesmente não funciona.

Preciso criar essa conexão com a pessoa e só aquilo é o que preciso.

Nós tínhamos algo realmente forte e até mesmo estranho de analisar.

Não conseguíamos ficar mais do que uma hora perto do outro sem querer transar.

Juntos era algo estrondoso.

Ela incendiava minha cama de um jeito que fazia o tempo parar.

E realmente parava.

Ficávamos ali como se não houvesse nada em volta ou mesmo o amanhã.

E no final eu era recompensado com o seu apogeu, onde eu sentia todo seu corpo demonstrando o quão forte era aquela ligação.

Pelos arrepiados, músculos contraídos, unhas cravadas nas costas e a sua explosão final.

O êxtase em suas pupilas era algo que realmente passava uma mensagem.

Alguém que experimenta uma conexão dessas e é um canalha, merece a morte.

Em seguida ela se deitava de lado, para dormir abraçada e eu ficava ali sentido o cheiro do seu cabelo sedoso.

Não sei dizer se foi o meu melhor sexo, mas esse tipo de experiência é única.

E no dia seguinte estava eu na cama lendo as mensagens sobre meu conto, "O melhor sexo?".

O editor da Revista britânica, me mandou o que era uma mensagem de desapontamento, por que, palavras dele “estava perdendo o tom da minha escrita para uma crise de um velho apaixonado.”

Além disso, resolveu não publicar.

Foda se, o pagamento estava na conta.

Mas outro editor resolveu publicar nas páginas sociais da revista.

Mais de dois milhões de compartilhamentos nas primeiras 24 horas, e que daria matéria em vários jornais online logo em seguida.
Parece que nem eu, o velho apaixonado em crise que está aqui escrevendo sentindo o cheiro dela no travesseiro, e nem o editor que se achava o mais visionário da revista britânica, entendia nada das modernidades do mundo da escrita.

Ela leu o conto e me mandou uma mensagem bem mais canalha do que eu poderia ser nos meus textos.

“Eu sou sua melhor foda para sempre”

2 comentários:

  1. Achei muito bom como todos os outros escritos por você. Tem pessoas que nascem para uma determinada coisa e você nasceu para escrever.

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  2. Esse é outro que gosto muito pois quantos casais sao exatamente assim?Faz parte da vida pessoas diferentes ter algo em comum nesse contexto seria o (amor) Não sei porque acho a vida do poeta muito gratificante . Não acho que só escrever o que pensa mas procura situações que proporcione viver, para poder escrever .

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