Nosso grupo começou graças a Ari.
Um grande amigo que conheci no meio de toda essa loucura chamada vida.
Minha história com Ari começa na universidade de jornalismo.
Um moleque, dois anos mais novo que eu e com um ótimo humor, resolve que o melhor lugar a se sentar era na cadeira ao lado da minha.
Em uma sala lotada com uns 80 alunos, todos se sentavam do meio para frente, e apenas eu no fundo da sala.
A última fileira.
E a partir daquele momento, esse moleque irritante também.
Ari sempre foi tagarela e eu reservado.
Não adiantava muito fechar a cara para ele.
Ele simplesmente ignorava e continuava ali sendo um cara legal.
Viramos bons amigos.
Logo em seguida, um dos nerds da sala, o que sentava na primeira fileira, começou a se aproximar para andar com a gente pelos intervalos.
Eu tinha uma implicância com quem sentava na primeira fileira, não achava que pudessem ser pessoas de confiança.
Sempre achei que isso dizia muito sobre o perfil da pessoa, me deixando com a sensação de que fossem pessoas de índole duvidosa.
Nada que tenha muita lógica, coisas de uma mente de escritor.
Não que eu tenha errado dessa vez.
Estevam, O famoso Latini, era o cara da primeira fileira.
E esse tinha uma índole totalmente questionável, mas se tornou um dos caras mais leais que encontrei pelo caminho.
E aquela posição de ótimo aluno na sala, nada mais era do que mais uma das mentiras de Latini.
A primeira trinca se formava sem John.
John foi nos apresentado logo no primeiro ano de faculdade, com a coisa mais preciosa da vida de Ari.
Faith.
John e Faith eram amigos de infância e estudavam Direito na mesma faculdade que nos.
Latini dizia que eles eram parte de um plano de sucesso que ele tinha traçado.
- Vigário, eu nasci para construir um império e você não constrói um império jogando limpo. – Dizia ele com convicção nas suas palavras.
- E se você sabe que não vai jogar limpo, precisa de bons amigos advogados, por isso ando com John e Faith, são minha garantia de futuro. - Falava sempre quando bebíamos juntos.
Verdade seja dita, Latini apostou em John e Faith desde o primeiro ano de faculdade deles.
Logo em seguida, ele, que trabalhava de secretário de uma acessória de um vereador, foi fazendo seu jogo internamente e ganhando posto lá dentro.
Até se tornar um cara influente no partido e aprendendo a ser uma raposa no meio do mundo político.
Com toda sua influência política desde sempre, antes mesmo de se eleger Deputado, ele foi construindo vários investimentos.
Um deles, seu escritório de Direito, onde ele era um sócio fantasma.
E que de cara apostou suas fichas em John e Faith, antes mesmo dos dois terem licença como advogados.
A história de Latini é algo que daria um filme de Hollywood, mas se eu pudesse escrever o roteiro com todo lado B.
Logo em seguida, no nosso grupo de amigos, se juntou Rudolph Krauss.
Professor de Penal de John e Faith, além de ser Delegado da polícia Civil.
O que no começo do grupo era uma situação estranha.
Tanto eu, como Latini não confiávamos nele, por ele ser da Polícia.
Com o tempo, esse preconceito foi caindo por terra.
Rudolph dizia que a máquina policial estava completamente comprometida por corrupção.
Ele não era um cara que metia a mão em dinheiro de corrupção, mas fingia não ver o que acontecia a sua volta.
- Eu não ligo para dinheiro, quero apenas fazer meu trabalho e seguir minhas convicções.
Se eles não se metem no meu caminho, eu quero que eles se fodam com suas propinas. – Esse era o lema dele dentro da corporação.
- Não sou um santo, mas tenho cérebro.
Estudei Direito a vida toda e lá dentro a grande maioria da galera que mete a mão nesse tipo de dinheiro, mal sabe sua função como policial.
É só uma engrenagem do sistema apodrecido. - E assim ele ganhou nosso respeito no grupo.
Rudolph era mais velho do que todos do grupo, e sempre tinha ótimas histórias da sua carreira para contar.
Acompanhava várias operações policiais presencialmente porque odiava fazer a parte burocrática dentro da delegacia.
Era um misto de ideias loucas.
Um anarquista que era budista e trabalhava dentro da corporação policial.
Pacifico e, ao mesmo tempo, sempre andava com suas pistolas debaixo de cada braço.
Com certeza nosso grupo era eclético.
Ari sempre foi o condutor da nossa galera.
Ele juntava todos nos.
Ele brigava por todos igualmente.
No começo do nosso último ano da faculdade, Ari chamou todos nós para o bar e disse que precisava fazer um brinde.
Fez o brinde e sorriu.
Não disse o porquê do brinde e todos nós achamos graça.
Uma desculpa natural para juntar todos depois da aula para beber.
Apenas disse que nós éramos intocáveis, que ele não deixaria ninguém tocar em nos.
Chegou bêbado. – Provoquei.
Ari sumiu no dia seguinte.
Só foi aparecer de surpresa na nossa colação de grau.
Que tinha as turmas de Direto e Jornalismo juntos.
Eu achava que esse filho da puta havia morrido.
E isso me corroía.
Tinha acabado de tomar um pé na bunda do grande amor da minha vida.
Era um acúmulo de merdas.
Ele apareceu lá com aquele sorriso de sempre no rosto e nos levou para um restaurante de 3 andares que era a nova sensação da cidade.
No alto do morro do Vidigal, lugar que viraria o point da nata carioca.
- Preciso fazer um brinde. – Ele resolveu romper o silêncio que estava naquela mesa
Todos estávamos em um misto de felicidade por ver ele vivo depois de quase um ano e revolta pela falta de notícias.
- Aos meus 80 milhões e ao começo do nosso império. – Falou sorrindo novamente com seu copo para o alto.
Nossas caras de espanto com aquela situação parecia ser algo bem hilário para ele, porque ele gargalhava.
E foi assim que começou o império de Ari.
Ari ganhou 80 milhões na loteria.
Deu uma pirada quando pegou o prêmio, e resolveu sumir por um tempo para colocar a cabeça no lugar.
Voltou enviando seus 3 irmãos e sua irmã para países diferentes para fazerem intercambio.
Já tinha feito vários tipos de investimentos diferenciados.
Ari de um dia para o outro, passou do moleque sorridente sem pretensão de futuro, para um cara com uma visão de futuro assustadora.
Em dois anos, Ari já sairia da casa dos milhões, para se tornar um bilionário.
Mas acima de tudo, Ari fez contatos.
O que deu o mais importante, poder.
Era amigo de bilionários, de artistas influentes, de cientistas famosos e de políticos mundiais.
Mas mesmo assim nada mudou na sua reverência aos seus 6 melhores amigos.
Nesse dia, depois do brinde, ele deixava bem claro, que todos faziam parte dos seus investimentos.
Ele iria se tornar um investidor pesado do Escritório de Latini, John e Faith.
Com mais investimento e mais contatos.
Ele investiria pesadamente na carreira política de Latini e em todas as ferramentas que dariam um poder imperial a seu amigo nesse sentido.
Ele criou uma empresa monstruosa de segurança particular, com contratos com vários governos.
Com treinamentos táticos, equipe militar, equipamentos de última geração e um sistema de inteligência reconhecido no mundo todo.
E deu na mão de Rudolph para ser o dono e administrador.
Mais tarde, ele passaria a rádio que ele havia comprado para impulsionar Latini na carreira política, para as mãos de Elliot.
Elliot era estagiário de John, o último a entrar no grupo de amigos.
Um moleque que sempre chegava nas nossas rodas de conversas no bar com sua Scooter ou seu Fusca, acompanhado do seu mini porco chamado Bacon.
Super inteligente e com um perfil bem diferenciado.
Sempre cheio de doces e com ar estabanado.
Ari também tentou me dar uma editora, que eu não aceitei.
Então, depois disso, me indicava aos seus contatos para que me contratassem para escrever em jornais, fazer roteiros de filmes e mesmo publicar meus livros.
Sempre sem me informar nada.
Seus empreendimentos eram pelo mundo todo.
E com isso ele vivia viajando, mas sempre voltava para o nosso encontro.
Sempre marcávamos no nosso antigo lugar preferido.
Um boteco em Santa Teresa.
Lugar bem simples que sempre íamos beber e jogar conversa fora.
Foi lá que Ari chamou o grupo e informou sobre a ida para Irlanda.
Eu não fui.
Estava trancado em casa.
Fui convidado posteriormente por John com uma mentira sobre uma doença de Ari.
O motivo da ida para Irlanda é algo para uma história fechada.
Mas foi naquele pôr do sol perdido por mim, que começava a nossa nova etapa.
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