quinta-feira, 8 de agosto de 2019

O Ménage à trois mais insano da história da bíblia








Fui contratado para fazer algumas palestras e participar de algumas convenções nos Estados Unidos.

Foram 2 meses passando por várias cidades.

Eu tinha um selo independente que era por onde lançava meus livros.

Dentro desse selo que levava meu nome, vigário, eu tinha vários estilos de escrita.

E por acaso um dos meus livros tinha virado uma febre no mundo nerd.

“A surpresa do amanhã” era um romance sobre um grupo de estudantes de intercambio que acordavam depois de uma festa com o mundo em colapso.

Líderes idiotas de países com grande poderio bélico com toxinas biológicas, resolvem em uma discussão de rede social começar uma guerra.

O que gera uma espécie apocalipse zumbi.

No começo da minha carreira escrevi e investiguei bastante sobre casos sobrenaturais, assassinos em série e esses tipos de coisas que filmes de terror tem como tema.

Daí criei uma área específica no meu selo para produção desse tipo de leitura.

Mas a minha pegada era mais realista.

Meus zumbis, não eram essa coisa hollywoodiana.

Era algo mais focado em teorias da ciência.

O que pareceu ser o diferencial naquelas épocas.

Meu livro virou um sucesso no mundo todo e na meca desse tipo de entretenimento eu estava sendo aclamado.

Nada que mudasse minha rotina.

Odiava palestras ou qualquer tipo de convenções onde eu precisava interagir.

Sempre me escondi atrás do nome vigário como um pseudônimo.

Mas minha vida se misturou a ele de uma forma que não tinha muito mais como escapar.

Maeve fazia a função de editora de tudo que tinha uma proporção maior.

Ela controlava essa parte da carreira.

Era minha amiga de anos.

Maeve tinha um cabelo ruivo meio aloirado.

Sempre usava um coque no topo da cabeça.

Tinha olhos de um azul que te congelavam, além de serem levemente puxados, como uma espécie de traço oriental para aumentar toda aquela perfeição.

Era americana, mas morou muitos anos no Brasil como editora chefe de uma revista famosa da época.

Maeve se identificava como lésbica, mas tínhamos uma espécie de amizade colorida.

Ela gostava de me chamar de pau amigo, reservadamente.

Como todas as mulheres que passam pela minha vida, Maeve tinha a insanidade na alma.

Ela era uma destruidora de corações.

Tinha mais exs do que eu poderia tentar ter.

Era um ímã de mulher como poucas que já conheci.

E isso fez com que virássemos uma dupla dinâmica no quesito loucuras.

Perdi as contas de quantos ménages nós fizemos juntos.

Nossa amizade começou nos corredores desse mundo da literatura.

Logo fiz o convite para ela trabalhar comigo e me ajudar a gerenciar o selo.

Sempre achei esse lance de gerenciamento um saco.

E assim foi criado essa grande parceria.

Essa coisa de ficar fazendo em trio, começou com uma espécie de brincadeira em um bar.

Uma morena muito bonita estava próximos de nós, enquanto bebíamos.

Em algum momento essa morena veio para o nosso lado e puxou conversa.

Ficamos lá bebendo e falando sobre várias coisas aleatórias.

Ela foi ao banheiro e Maeve virou com um sorriso no rosto dizendo que ela percebeu que a morena estava a fim de mim.

Achei engraçado, porque a minha impressão era completamente oposta.

Eu tinha percebido um interesse da morena em Maeve.

Ela gargalhava da situação enquanto planejava um plano.

- Ok fazemos assim, quando ela voltar, você vai ao banheiro e eu dou ideia.
Então saberemos quem ela quer.
Eu apenas concordei com a cabeça e fiz como o combinado.

Quando voltei as duas me encaravam e eu olhava para aquela cena completamente confuso.

- Vigário, ela quer os dois.
Eu topo. – Maeve falava se mostrando segura.


As duas sorriam e eu fiquei ali com cara de bobo completamente perdido.

Eu não sabia que Maeve pegava homens.

O que no futuro ela me explicou que realmente não acontecia.

Eu era o único homem com quem ela transava e sentia tesão.

- Talvez seja minha alma feminina - Eu sempre brincava com ela.


Depois dessa noite, daquele primeiro e maravilhoso ménage, virou algo rotineiro.

Saímos para beber, nos interessávamos por alguma mulher e íamos para missão trio novamente.

Com o tempo, Maeve criou uma espécie de rotina que se resumia em chegar na minha casa e dizer que estava com tesão e que eu precisava ajudar ela.

E assim criamos uma relação de amizade com sexo muito saudável para ambos e, ao mesmo tempo, bem tóxica.

Maeve gostava de mulher e não tinha nenhum interesse por homens.

Eu era uma espécie de exceção que nem ela sabia explicar.

Mas quando ela tinha sua onda de tesão, não tinha nada que a impedisse de aparecer na minha porta com aquela fome selvagem.

A parte tóxica é que estávamos cada vez mais sexual e sem nenhuma espécie de relação sentimental a não ser amizade.

Ela admitia às vezes ter um pouco de ciúmes de mim, mas achava que era mais a parte de ciúmes de amigos.

O que era algo meio natural e nunca gerou problemas.

Antes dela volta a morar nos Estados Unidos, já havíamos parado com nossos encontros coloridos.

Ela tinha começado a namorar e eu também.

Agora eu chegava no aeroporto de Los Angeles e lá estava ela me esperando.

- Oi vigário, preparado para reviver os velhos tempos? – Ela falava em tom capcioso.

Maeve iria me acompanhar por esses dois meses.

E realmente voltamos aos velhos tempos.

Cada palestra, cada convenção, Maeve escolhia a dedo quem íamos fazer o nosso jogo.

No hotel, quando não estávamos nessas loucuras, ela aparecia na porta do meu quarto com a frase de sempre.

- Estou com tesão, preciso de ajuda.

Ela era insaciável.

Não se contentava com nossas conquistas e nossos momentos.

Nesses 2 meses de trabalho, ela ainda tinha disposição para seus encontros normais.

Seu poder de sedução era imbatível.

Seu apetite era como a de um buraco negro que vai sugando toda galáxia.

Ela era um mulherão como poucas que conheci.

Maeve já se programava para ficar um tempo comigo na Irlanda.

Segundo ela, umas férias que nunca dei em tantos anos de trabalho.

Mas enquanto isso, estávamos causando em Los Angeles.

Ela também tinha muitos contatos.

O que fez de nossos dias na cidade do pecado serem ainda mais surreais.

Eu saia para beber com Maeve e quando percebia, estava na cama com ela e uma atriz do alto escalão de Hollywood.

Um desses casos, ela falou que iríamos para um hotel encontrar uma conhecida dela.

Chegando lá, dei de cara com a atriz que estampava todos os outdoors do momento.

A atriz estava estourada no show business interpretando Maria Madalena em uma série que era a sensação da época.

E ela queria me conhecer porque era uma fã do meu livro apocalíptico.

Conclusão desse encontro, tivemos o que Maeve apelidou de “O ménage à trois mais insano da história da bíblia”.

Ela não tinha filtros e isso me estimulava a escrever.

Foi uma época de bastante produção criativa.

Com uma literatura mais leve e, ao mesmo tempo, suja.

O Ménage à trois mais insano da história da bíblia, nos dias seguintes virou um texto que viralizou com esse nome.

A Maria Madalena da cidade do pecado foi uma das primeiras responsáveis por viralizar o texto compartilhando em suas redes sócias.

Vigário mais uma vez voltava as manchetes como: “O grande bastardo de escrita profana e apaixonante que tem o dom de seduzir a todos com todo o tipo de literatura.”

Uma referência a como eu fazia sucesso com textos de assuntos tão diferentes na mesma época.

Meu ego não era mais problema nessa fase da minha vida.

Dinheiro nunca me afetou.

Eu só escrevia por terapia.

Me dava prazer praticar isso que parecia ser uma arte para poucos.

Em uma palestra, um jovem me perguntou como era ser considerado um poeta marginal.

Minha resposta foi a mais espontânea possível.

- Foda se a poesia, não sou poeta.
Apenas escrevo sem preocupação com técnicas, formalidades e muito menos elogios da mídia.

Maeve me olhava com o rosto vermelho querendo me matar.

O público da palestra gargalhava.

Na sua maioria eram fãs e conseguiam interpretar bem quem eu era realmente em relação a minha escrita.

Minha rotina nos Estados Unidos era cansativa, mas bastante divertida.

E Maeve era minha guia.

Como se todas as loucuras que passamos em Los Angeles não fossem suficientes.

Ela iria me levar para um casamento em Nova York, onde eu iria encontrar Latini.

Eu, Maeve e Latini em um casamento em uma cobertura de frente para Central Park seria o começo de um novo e insano conto.


4 comentários:

  1. Parabéns pelo seu texto , gostei muito , bem criativo . Boa sorte com os seus escritos :-)

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  2. Muito bom, me prendeu até o final e ainda me deixou curioso pra saber sobre esse novo conto.

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