segunda-feira, 8 de abril de 2019

Eu não sei porque.




Se existe uma sensação ruim, com certeza despedida é uma delas.

Seja qual tipo for.

Eu talvez lide melhor com a despedida da morte.

Sem pretensões ou pensamentos religiosos, eu tenho uma certeza que aquele ponto final da vida, foi um final de um ciclo natural.

Talvez o começo de uma nova etapa.

Logico que algumas situações afetam mais esse raciocínio do que outras.

Mas no geral esse é um padrão que normalmente tendo a seguir para esse tipo de despedidas.

A despedida de um relacionamento amoroso que se rompe, por menos importância que tenha, talvez me afete mais.

É algo mais intenso.

Pelo menos no começo.

Depois realmente se torna bem mais fácil de lidar.

Mas a despedida de uma amizade que faz parte do seu dia a dia é a mais difícil.

Eu nunca soube lidar com isso.

Talvez por causa disso, eu tenha me fechado para novas amizades.

Ter alguém ao seu lado que te apoie, te faça sorrir ou mesmo te de aquela chacoalhada necessária, é algo para poucos.

Esse sentimento é uma das poucas coisas que ainda me fazem continuar andando na luz.

Não tem dinheiro no mundo que me dê essa sensação tão prazerosa de uma boa amizade ao lado.

E eu sei que não sou um dos melhores amigos.

Muito menos um dos que demonstra ser tão grato por isso.

Mas realmente é algo que me mantém de pé.

Meus grandes amigos e as suas lutas diárias por mim.

Amizade é algo difícil de explicar.

Alguém que por uma conexão, que as vezes não faz sentido nenhum, estar lá por você sem nenhum motivo.

Isso é algo surreal e ao mesmo tempo grandioso.

Que será cada dia mais raro de encontrar.

Amizade é um diamante achado em um lixão.

Basicamente isso.

No meio de todo o caos, você acha algo desse tipo.

É o prêmio milionário da loteria com o troco da conta de luz.

São momentos raros como esses que vão fazer a vida valer a pena.

Mas a despedida de uma amizade é algo terrível.

Por mais que seu sentimento se mantenha e seja o mais verdadeiro possível.

Perder aquele ponto de referência vai deixar você despedaçado.

É como seu porto seguro estivesse desmoronando.

Eu já passei por isso muitas vezes.

Ver uma amizade verdadeira indo embora.

Pelos caminhos naturais que a vida leva.

Mas nunca é fácil.

Eu me sinto sentado na calçada enquanto vejo minha casa sendo consumida pelo fogo e eu não tenho mais o que fazer.

É realmente dolorido.

E todas essas despedidas foram me fechando para o mundo de alguma forma.

Eu não sei porque.

Não tenho uma explicação que seja relevante.

Mas ver um amigo ir embora tem sido um dos piores sentimentos nessa minha jornada.

Ari e John estão sempre ao meu lado e isso é algo muito precioso.

E eles são heróis.

Pessoas maravilhosas por estarem brigando por mim a cada segundo do dia.

Mesmo comigo tentando os afastar sempre que posso.

Ver Faith se despedir e voltar ao Brasil foi bem pesado.

Foi exatamente esse sentimento que estou tentando descrever mesmo sendo impossível de reproduzir em palavras da forma mais verdadeira.

Quando ela se foi, levou um pedaço de mim.

O fato de estar longe dos outros grandes amigos como Latini, Rudolph e Elliot tem sido bem difícil também.

Mesmo que não faça sentido, já que meu perfil de vida é fugir dos amigos e me trancar no meu quarto.

Ainda assim, ter essas pessoas ao lado faz a diferença.

Sofri bastante nesse meu caminho com despedidas amorosas.

Pé na bunda.

Rompimento por novos caminhos.

Desistência por excesso de dor.

Ou mesmo falta de compatibilidade das almas.

Todas essas despedidas amorosas foram muito intensas.

E me fizeram sofrer como um cão de rua no meio de uma tempestade.

Que é basicamente o modo que me vejo em várias épocas da minha vida.

O velho cão de rua, lá com os olhos marejados, no frio e encharcado, sem perspectiva nenhuma de futuro.

Minhas experiência com despedidas por luto foram pequenas.

Caroline foi a que mais me tirou o chão.

Ela era uma grande amiga que perdi em um acidente.

Era uma pessoa especial com esse dom de transformar a energia das pessoas.

As vezes olho para Faith e sinto essa mesma sensação.

Talvez tenha sido uma forma de Caroline se manter presente, colocando Faith no meu caminho.

A minha despedida de Caroline ainda dói.

Mas é uma dor diferente.

Algo que está ali contínuo, mas que não machuca tanto mais.

Eu realmente assimilei a dor, peguei Caroline e guardei no coração.

E isso evitou que eu sofresse por tanto tempo com isso.

Minha saudade é enorme, mas o fato de eu colocar como obrigação continuar escrevendo por ela, talvez tenha sido o que me protege até hoje dessa dor.

Como eu disse, não passei por muitas despedidas de luto, então talvez ainda venha a escrever sobre isso de uma forma diferente.

Minhas palavras aqui são sempre sobre o sentimento do momento.

Eu pego e coloco no papel.

Não tenho pretensão alguma de criar uma narrativa onde eu direcione as pessoas.

Onde eu diga o que é sagrado ou profano.

São só sentimentos.

Você pode discordar ou não.

Isso é de menos.

Apenas reflita.

Crie sua direção própria.

É só isso que me importa.

Não seja como eu.

Mais um cachorro de rua andando sem caminho pelo mundo.

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