Meu tempo de férias na Grécia foi menos
louco do que os deuses gregos queriam.
Ari e John aproveitaram bastante todas as insanas festas pelas ilhas gregas que íamos passando.
Depois daquele pôr do sol em Mykonos ao lado de Calli, eu me retirei de qualquer jogo futuro.
Ela me acompanhou por pelo menos 90% da viagem.
Nossa comunicação se resumia em sinais e traduções estranhas, já que ela apenas falava grego.
Calli era realmente digna de ter herdado o dna dos deuses do Olimpo.
Ela tinha um brilho diferenciado.
Um fogo que não era natural.
Seu toque era digno de Afrodite.
Sua persuasão era com certeza vinda de Hemera, mesmo com a comunicação prejudicada.
E com certeza havia herdado sua alegria, sua grande libido e sua sede por se entorpecer sem muito freio de Dionísio.
Foram quase 30 dias bem intensos com ela.
Em um entardecer na ilha de Santorini, depois de contemplar aquele fim de tarde difícil até mesmo de descrever.
Aquela bola de fogo no horizonte que ia se despedindo, deixando todo o seu redor com um lindo tom avermelhado.
Aquele mar imenso e tranquilo do Egeu aos seus pés.
Uma lua gigantesca e brilhante se chegando e colocando-se em seu lugar de direito.
Tudo isso de um lugar alugado por Ari no vilarejo mais bonito da ilha, chamado de Oia.
Uma tarde majestosa.
Da qual eu trocaria minha existência por mais alguns minutos admirando novamente.
Como todos sabem, nem só de calmaria a minha vida é feita.
Logo depois deste espetáculo, ainda ali, já tinha uma grande festa organizada.
E lógico, como todo milionário inexperiente, Ari era bem cafona as vezes.
E com isso a festa tinha tema e vestimentas de festas gregas antigas.
Eu jamais colocaria aquela roupa, mas Calli não pensou duas vezes.
Minha contribuição na festa foi encher a cara no vinho em homenagem a Dionísio e nada mais.
Sai bem cedo da festa, carregando Calli para o lugar onde estávamos dormindo.
Ela havia exagerado e foi completamente nocauteada pela bebida e sabe se lá mais o que.
Meus dias com elas se resumiram a isso.
Muita bebedeira e eu sempre resgatando a no final.
O detalhe era que esse final sempre era muito cedo.
Ela costumava queimar a largada e caia muito rápido.
Lá pelos meus últimos dias na Grécia , quando já estava me preparando para voltar a Irlanda.
Voltava umas oito da noite com ela no colo de uma dessas sociais promovidas por Ari e John.
Deixei ela no quarto, e voltei a rua para tomar uma na primeira taverna que encontrasse.
Meu fogo por ela havia virado algo como brasas no seu último queimar.
Entrei em uma taverna que mais parecia vinda do livro noite na taverna de Alvares de Azevedo.
Você conseguia sentir no ar um clima meio mórbido e ao mesmo tempo irreverente.
Alguns senhores em uma mesa com conversas sobre filosofia e vida.
Em outro canto, um grupo mais jovem com um ar mais lascivo, e ao mesmo tempo contido para o ambiente.
Acho que nem Lord Byron conseguiria descrever um cenário tão diferenciado como aquele.
Eu me encaminhei ao balcão e pedi uma cerveja.
Antes mesmo do meu primeiro gole ,sou convidado pelo grupo mais velho a fazer parte daquela roda de amigos.
Ficamos ali com conversas desde a criação aos sentimentos mais peculiares do dia a dia.
Era uma conversa realmente profunda.
Um deles, um grego bem mais velho, se apresentava como neurocientista e escritor de livros sobre o que ele dizia ser filosofia da taverna.
Achei aquilo muito interessante.
Ele fazia uma versão mais fina e rebuscada das minhas filosofias de boteco.
Simplesmente ouvia e era ouvido sobre vários assuntos aleatórios que o estimulava a pensar.
Resolvi jogar na mesa o meu caso atual de uma forma indireta.
Como ficamos tão cegos quando estamos apaixonados.
- Paixão é um estado de demência temporada.
Estou te falando a explicação científica. – Me respondeu com uma espécie de sorriso no rosto e continuou.
- Mas você pode procurar explicações em diferentes lugares, expanda sua mente.
Um outro senhor com um semblante mais fechado resolveu dar seu ponto de vista.
- Se você analisar pelo extinto de anos que o corpo humano foi criando na natureza, vai ver que a paixão tem um curto período de tempo.
Essa demência temporária nada mais é que a proteção da reprodução, depois de um tempo passa, por que teoricamente foi o tempo necessário para esse fim. – Finalizava seu ponto com clareza.
Eu sorri concordando com aquelas teorias.
- Realmente essa demência tem tempo certo para acabar, a minha mais recente acabou em menos de um mês. – Complementava a conversa.
Uma senhora no auge dos seus 70 anos, mas ainda muito bem conservada, de traços bem fortes, entrou na conversa dizendo que gostava mais das teorias filosóficas dos escritores gregos.
em especial Platão.
- Platão tem um pensar sobre paixão que é mais incentivado pela falta.
É um desejo quando você não possui aquilo.
Esse desejo vai aumentando e te alimentando.
Quando isso passa, você se sente vazio. – Ela falava com brilho no olhar.
Um senhor de gorro roxo e um cachimbo amadeirado concorda com a cabeça e continua.
-Bem parecido com Schopenhauer que nos vê como uma máquina de desejos.
Quando conseguimos o que desejamos, aproveitamos aquilo até que o tédio vem sem muita demora.
Logo em seguida necessitamos de um novo desejo para sair desse estado e é assim que a paixão se vai.
Aquela mesa era realmente um antro de sábios.
Mas eu não poderia falar isso ali.
Além de todos serem muito humildes, sabia que o conceito grego de sabedoria é um pouco diferente do que achamos.
Um sábio é aquele que não sente mais angustia ou medo.
E esse não era o caso ali, eram apenas pensadores.
- Eu normalmente escrevo bastante sobre paixão, e achei muito interessante todos os pontos.
Porém só consigo ver a paixão como algo sem explicação.
É algo de momento completamente indefinido e ao mesmo tempo com toda uma estrutura ao redor de fatos acontecendo em sequência que fazem você chegar aquele momento.
Realmente a demência faz sentido, por que essa é a sensação quando você decide se jogar de cabeça naquela fogueira que parece nunca parar de queimar.
E mesmo a teoria da falta e dos desejos condizem com os fatos.
Eu procuro uma paixão atrás da outra.
Se uma termina ,eu apenas espero a dor do luto dessa paixão passar e me jogo no próximo que vai me fazer queimar de novo. – Jogo meus pensamentos na mesa como se estivesse jogando na minha escrita.
Todos pareciam concordar com aquelas palavras.
Fiquei naquela taverna até o primeiro raio de sol entrar pela janela.
O que eles diziam ser o sinal de que aquele papo estava finalizado.
- Luz na taverna é algo inadmissível.
Somos seres noturnos – falou aquele coroa do gorro roxo.
E realmente parecia uma blasfêmia ,aquela taverna que mantinha aquele ar de penumbra dos séculos antigos sendo invadida por claridade.
Não fazia sentido mais beber ali ou continua a prosa.
Nos despedimos e voltei para casa.
Assistindo Calli na cama completamente desmaiada ,percebi que a paixão tinha ido embora.
Era algo que eu já vinha sentido nos últimos dias.
Dei um beijo na sua nuca enquanto dormia e fui embora.
No dia seguinte iríamos para Atenas onde ficaríamos uns dias e voltaríamos para Irlanda.
Me antecipei e voltei para Atenas sem Ari e John.
Era hora de curtir o luto por mais uma chama da paixão que ia embora.
Ari e John aproveitaram bastante todas as insanas festas pelas ilhas gregas que íamos passando.
Depois daquele pôr do sol em Mykonos ao lado de Calli, eu me retirei de qualquer jogo futuro.
Ela me acompanhou por pelo menos 90% da viagem.
Nossa comunicação se resumia em sinais e traduções estranhas, já que ela apenas falava grego.
Calli era realmente digna de ter herdado o dna dos deuses do Olimpo.
Ela tinha um brilho diferenciado.
Um fogo que não era natural.
Seu toque era digno de Afrodite.
Sua persuasão era com certeza vinda de Hemera, mesmo com a comunicação prejudicada.
E com certeza havia herdado sua alegria, sua grande libido e sua sede por se entorpecer sem muito freio de Dionísio.
Foram quase 30 dias bem intensos com ela.
Em um entardecer na ilha de Santorini, depois de contemplar aquele fim de tarde difícil até mesmo de descrever.
Aquela bola de fogo no horizonte que ia se despedindo, deixando todo o seu redor com um lindo tom avermelhado.
Aquele mar imenso e tranquilo do Egeu aos seus pés.
Uma lua gigantesca e brilhante se chegando e colocando-se em seu lugar de direito.
Tudo isso de um lugar alugado por Ari no vilarejo mais bonito da ilha, chamado de Oia.
Uma tarde majestosa.
Da qual eu trocaria minha existência por mais alguns minutos admirando novamente.
Como todos sabem, nem só de calmaria a minha vida é feita.
Logo depois deste espetáculo, ainda ali, já tinha uma grande festa organizada.
E lógico, como todo milionário inexperiente, Ari era bem cafona as vezes.
E com isso a festa tinha tema e vestimentas de festas gregas antigas.
Eu jamais colocaria aquela roupa, mas Calli não pensou duas vezes.
Minha contribuição na festa foi encher a cara no vinho em homenagem a Dionísio e nada mais.
Sai bem cedo da festa, carregando Calli para o lugar onde estávamos dormindo.
Ela havia exagerado e foi completamente nocauteada pela bebida e sabe se lá mais o que.
Meus dias com elas se resumiram a isso.
Muita bebedeira e eu sempre resgatando a no final.
O detalhe era que esse final sempre era muito cedo.
Ela costumava queimar a largada e caia muito rápido.
Lá pelos meus últimos dias na Grécia , quando já estava me preparando para voltar a Irlanda.
Voltava umas oito da noite com ela no colo de uma dessas sociais promovidas por Ari e John.
Deixei ela no quarto, e voltei a rua para tomar uma na primeira taverna que encontrasse.
Meu fogo por ela havia virado algo como brasas no seu último queimar.
Entrei em uma taverna que mais parecia vinda do livro noite na taverna de Alvares de Azevedo.
Você conseguia sentir no ar um clima meio mórbido e ao mesmo tempo irreverente.
Alguns senhores em uma mesa com conversas sobre filosofia e vida.
Em outro canto, um grupo mais jovem com um ar mais lascivo, e ao mesmo tempo contido para o ambiente.
Acho que nem Lord Byron conseguiria descrever um cenário tão diferenciado como aquele.
Eu me encaminhei ao balcão e pedi uma cerveja.
Antes mesmo do meu primeiro gole ,sou convidado pelo grupo mais velho a fazer parte daquela roda de amigos.
Ficamos ali com conversas desde a criação aos sentimentos mais peculiares do dia a dia.
Era uma conversa realmente profunda.
Um deles, um grego bem mais velho, se apresentava como neurocientista e escritor de livros sobre o que ele dizia ser filosofia da taverna.
Achei aquilo muito interessante.
Ele fazia uma versão mais fina e rebuscada das minhas filosofias de boteco.
Simplesmente ouvia e era ouvido sobre vários assuntos aleatórios que o estimulava a pensar.
Resolvi jogar na mesa o meu caso atual de uma forma indireta.
Como ficamos tão cegos quando estamos apaixonados.
- Paixão é um estado de demência temporada.
Estou te falando a explicação científica. – Me respondeu com uma espécie de sorriso no rosto e continuou.
- Mas você pode procurar explicações em diferentes lugares, expanda sua mente.
Um outro senhor com um semblante mais fechado resolveu dar seu ponto de vista.
- Se você analisar pelo extinto de anos que o corpo humano foi criando na natureza, vai ver que a paixão tem um curto período de tempo.
Essa demência temporária nada mais é que a proteção da reprodução, depois de um tempo passa, por que teoricamente foi o tempo necessário para esse fim. – Finalizava seu ponto com clareza.
Eu sorri concordando com aquelas teorias.
- Realmente essa demência tem tempo certo para acabar, a minha mais recente acabou em menos de um mês. – Complementava a conversa.
Uma senhora no auge dos seus 70 anos, mas ainda muito bem conservada, de traços bem fortes, entrou na conversa dizendo que gostava mais das teorias filosóficas dos escritores gregos.
em especial Platão.
- Platão tem um pensar sobre paixão que é mais incentivado pela falta.
É um desejo quando você não possui aquilo.
Esse desejo vai aumentando e te alimentando.
Quando isso passa, você se sente vazio. – Ela falava com brilho no olhar.
Um senhor de gorro roxo e um cachimbo amadeirado concorda com a cabeça e continua.
-Bem parecido com Schopenhauer que nos vê como uma máquina de desejos.
Quando conseguimos o que desejamos, aproveitamos aquilo até que o tédio vem sem muita demora.
Logo em seguida necessitamos de um novo desejo para sair desse estado e é assim que a paixão se vai.
Aquela mesa era realmente um antro de sábios.
Mas eu não poderia falar isso ali.
Além de todos serem muito humildes, sabia que o conceito grego de sabedoria é um pouco diferente do que achamos.
Um sábio é aquele que não sente mais angustia ou medo.
E esse não era o caso ali, eram apenas pensadores.
- Eu normalmente escrevo bastante sobre paixão, e achei muito interessante todos os pontos.
Porém só consigo ver a paixão como algo sem explicação.
É algo de momento completamente indefinido e ao mesmo tempo com toda uma estrutura ao redor de fatos acontecendo em sequência que fazem você chegar aquele momento.
Realmente a demência faz sentido, por que essa é a sensação quando você decide se jogar de cabeça naquela fogueira que parece nunca parar de queimar.
E mesmo a teoria da falta e dos desejos condizem com os fatos.
Eu procuro uma paixão atrás da outra.
Se uma termina ,eu apenas espero a dor do luto dessa paixão passar e me jogo no próximo que vai me fazer queimar de novo. – Jogo meus pensamentos na mesa como se estivesse jogando na minha escrita.
Todos pareciam concordar com aquelas palavras.
Fiquei naquela taverna até o primeiro raio de sol entrar pela janela.
O que eles diziam ser o sinal de que aquele papo estava finalizado.
- Luz na taverna é algo inadmissível.
Somos seres noturnos – falou aquele coroa do gorro roxo.
E realmente parecia uma blasfêmia ,aquela taverna que mantinha aquele ar de penumbra dos séculos antigos sendo invadida por claridade.
Não fazia sentido mais beber ali ou continua a prosa.
Nos despedimos e voltei para casa.
Assistindo Calli na cama completamente desmaiada ,percebi que a paixão tinha ido embora.
Era algo que eu já vinha sentido nos últimos dias.
Dei um beijo na sua nuca enquanto dormia e fui embora.
No dia seguinte iríamos para Atenas onde ficaríamos uns dias e voltaríamos para Irlanda.
Me antecipei e voltei para Atenas sem Ari e John.
Era hora de curtir o luto por mais uma chama da paixão que ia embora.
Bom demais!
ResponderExcluir�������� linda prosa !
ResponderExcluirMuito bom!!! 😆
ResponderExcluir👏👏👏👏👏👏
ResponderExcluirMuito bom, parabéns pela próxima paixão
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