domingo, 29 de setembro de 2024

A droga perfeita

 



Já tive várias fases relacionadas a drogas.

Drogas de todos os tipos.

Mas as que não são ilegais são as piores.

Uma trip de ácido pode ser divertida.

Do mesmo jeito que pode te levar para um lugar obscuro que você pode não estar preparado para conhecer.

A potência das cores, dos sentidos é um caminho legal de se trilhar, mas também fácil de se perder.


Uma pedalada na “bicicleta” e você nunca mais será o mesmo.

O relaxamento da maconha é como uma massagem dos deuses.

Mas como vem dos deuses, não se pode confiar.

Cria uma neblina, afetando sua visão de mundo.


Para uns, ser míope é uma dádiva, para outros nem tanto.

Perde se o senso de orientação.


A parte da larica talvez seja a parte mais sedutora.

Mas nunca foi minha praia.


Eu sou o cara da ansiedade, relaxamento nunca combinou.


Os chás e cogumelos naturais demais normalmente pode ser uma viagem com a passagem só de ida.


A geração anterior é umas das que mais conheço gente que foi e nunca voltou.


Não sei se quando se trata de algo muito puro e muito enraizado na natureza, se o caminho é para nós relés mortais.


Sempre corri dessas.

Se me acelera demais eu tô fora.


Já sou um ser acelerado por natureza, então não toco esse tambor.


Meu corpo tende se a apaixonar por coisas que aceleram o ritmo.


Então sempre foi a deixa para não cair no vício.


O mundo hoje em dia parece ser das coisas sintéticas.


Essas tem um potencial absurdo para te destruir e também para te encantar.


Te levam para a euforia absoluta.


Fazem com que você atravessem um portal para outra dimensão.


Acho que essa paz, você só tem acesso segundos antes de morrer.


E por isso, o pós pode ser tão agressivo.


Assim como um teletransporte, não existe uma forma segura de ter essa viagem.


Aquela química vai afetar seu corpo de várias maneiras por bastante tempo, às vezes sem você nem perceber.


Seu corpo é levado a limites de várias formas, e para um ancião como eu, uma onda que me engole.


Mas é uma delícia.


Se você não tem intimidade com os seus demônios, cuidado.


Eles vão adorar qualquer uma que venha dessa galera.


Ali, você vai estar se vendo no espelho em uma imagem que você sonha em ver todos os dias.


Feliz e em paz.


Mas na vida real, não existe espaço para isso.


Cigarros sempre estão em alta, tem até as atualizações como vapers.


Nicotina é a droga que nunca sai de moda.


Crack nunca apareceu no meu mundo.


Não era muito o perfil do ciclo social que eu estava englobado.


Uma vez ou outra, bem raramente, eu ouvia dizer de alguém com mesclado, que era uma mistura de maconha com crack.


Não me parecia uma mistura interessante.


Cocaína era bem popular.


Principalmente nesse meu meio de escritores e famosos.


Qualquer festa que eu ia, era mais fácil achar pó do que uma cerveja.


A parte engraçada era que mesmo não sendo um fã de carteirinha, nas orgias do passado, estava sempre la.


Acompanhava meus passos sempre muito próximo, o que sempre me assustou.


Mas nunca encontrei alguém que brilhasse os olhos falando sobre a experiência.


Era uma droga que para ser contínua, te pegava pelo DNA, e não pela viagem.


Álcool já foi meu vilão preferido.


Eu estava sempre mergulhado em algum tipo.


Estar embriagado era uma sensação maravilhosa e a ressaca no dia seguinte algo que eu adorava.


Por um tempo, até achei que esse era o modo normal de se viver.


Acordando desnorteado com a boca seca e a cabeça rodando.


Bons tempos de exageros.


Nunca fui do tipo da amnésia alcoólica ou por drogas.


Se fiz alguma merda sobre efeitos de drogas, foi por escolha e consciente.


O que é a parte mais louca.


Também nunca fui do tipo que virava um zumbi sem reação.


Quando exagerava, meu corpo automaticamente desligava, como uma proteção.


Já fui muito bom bom em misturar as coisas.


Misturar as vibes fazia minha realidade ficar mais fora do que eu estava acostumado.


Mas meu corpo me xingava por meses depois de uma aventura dessas.


Chocolate era uma daquelas drogas que me perseguiram de forma reservada.


Eu não percebia, mas estavam sempre ali.


Talvez se aproveitando de algum momento de compulsão.


Mas era o melhor dos pesadelos.


Um cenário onde você tem um velho com uma barra de chocolate e um jovem com uma seringa, não acredito que seria julgado por essa escolha.


Injetáveis sempre foram algo que me deixava em panico.


Hospitais e agulhas eram coisas que eu abominava, então era fácil o meu discurso de, dessa água não beberei.


Muita dessas drogas tinham a ver com o seu círculo social.


Umas, era mais fácil de ver a sua volta, outras você ouvia falar ou via pelas ruas, onde normalmente você não estava englobado.


Talvez se eu parasse para falar sobre isso com Mr. Wolf e Riley, Crack e heroína fosse alguns dos companheiros de vida na rua.


Mas esse era o tipo de papo que a gente preferia não falar.


Compartilhar demônios não é uma coisa assim muito legal de se fazer.


Latini tinha um fraco por cocaína e suas festas sempre tinham uma vibe alpes suíços.


Nevava em todos os cantos.


John amava acido, até se casou com a turca do ácido.


A turca já levou praticamente todos da galera nas suas viagens.


Era a tia da excursão para esse destino.


Ari não era muito adepto de drogas.


Tinha um excesso ou outro mais sempre bem centrado.


Faith era apaixonada por experiências.


O que ela queria era memorias.


Se ela estivesse no espírito naquele momento, ela iria no que ela quisesse, sem pudores ou restrições.


Ainda assim, a mais sensata do grupo.


Rudolph era o padrão da polícia, cigarro e álcool.


No geral, sempre estava com um uísque na mão e cigarro na outra.


Também gostava de charutos e cachimbos.


Elliot tomava umas cervejas com a gente e fumava um baseado em vez enquanto, mas ele era da geração mais entediada que a minha.


Esse tipo de viagem não o atraia.


O problema dele era açúcar.


Ele sempre tinha duzias de doces com ele.


Logo, nosso grupo era meio que controlado no quesito drogas.


Eu sempre tive meus exageros.


Sempre fui um apaixonado por eles.


Então já passei em várias barraquinhas dessa feira.


Mas meus vícios sempre foram dois.


Álcool e mulheres.


Melhor, amores.


Essas eram as drogas que marcavam minha vida.


O álcool sempre foi um companheiro.


Com ele você jamais estava sozinho.


Mais talvez o problema era a nossa comunicação, assim como em um relacionamento.


Hoje em dia me comunico bem, melhor do que vários antigos amores.


Já as mulheres sempre foram um problema que só mudava de nome e características.


O estímulo maior, era que a cada uma que entrava na minha vida, era completamente diferente da outra.


Então era um jogo excitante.


Nunca fui um cara que seguia padrões com mulheres.


A não ser a loucura.


Mas toda vez que entrava uma mulher na minha vida e eu trilhava aquele caminho de desvendar sua alma, era ali que eu parecia descobrir a droga perfeita.


Paixão pode ser uma droga pesada.

Meu escritor favorito sempre dizia;


“Muito cara legal foi parar debaixo de uma ponte por causa de uma mulher.”

As mulheres sempre tiveram esse potencial na minha vida, umas, até tentaram.


E não tem essa de estar calejado, me apaixono pelo próximo amor como se tivesse 16 anos.


Deixo aquela droga fluir e com um sorriso no rosto e olhos brilhando quando a vejo, eu sou levado naquele efeito maravilhoso.


Consigo percebe na minha pele em segundos o potencial daquela droga.


Tenho algumas histórias de drogas com mulheres. 


Essas poderiam ter me tirado do rumo de vez.


Eu chamaria de um real coquetel molotov.


O problema que você joga em si mesmo.


Uma vez uma linda conhecida me guiou por uma viagem de MDMA.


Talvez essa historia vire um conto em breve.


Aquela trilha tinha tudo para dar errado.


A gente tinha uma atração assustadora.


Aquela ideia parecia ser o meu caminho sem volta.


E às vezes é o que procuramos.


Não voltar.


La estava eu novamente.


Deixando mais uma droga entrar na minha vida.


Vestindo meu uniforme de inimigo público internacional dos narcóticos anônimos com minha plaquinha na mão. Eu quero você.


O MD me levou para um lugar indescritível e com aquela droga perfeita no combo, eu era o cara mais feliz do mundo.


E toda vez que passava por uma experiência dessas, parecia que eu seria o próximo cara legal que iria parar debaixo da ponte.


Meu lema seria sempre, deixe ela te destruir e sorria.


Tem funcionado assim, pelo menos é o que consta nas minhas anotações.


domingo, 22 de setembro de 2024

Como um farol abandonado

 




Às vezes você só está muito cansado, esgotado.

Seu corpo responde de forma engraçada, o que faz você entender que algo está errado.

Sua saúde vai se deteriorando e só o que você pode fazer é torcer para melhorar.

A vida la fora ta acelerada demais.

Existe um refúgio onde me sinto fora dessa sintonia dessintonizada.

E lá, nessas poucas horas onde a ansiedade resolve descansar, eu torço para que esse curto momento nunca acabe.

É fácil desistir de tudo, quando você não tem nada.


Fico ali, horas, respirando mais calmamente do que o normal, tentando achar um caminho que seja confortável.

Cansado de andar descalço, pisando em cascalhos.


A jornada começa no começo.


E por mais que pareça óbvio, é sempre bom ter isso em mente.


Eu ajudo a dificultar esse caminho.


Vou criando minhas próprias barreiras.


Comigo sempre foi 8 ou 80.


Se for para conseguir metade, eu prefiro nada.


Só brigo pelo copo cheio.


E isso é bem mais desgastante.


Uma competição diária, onde existem milhões de pessoas e você só concorda em ser o primeiro, chega a ser idiota.

Talvez por isso, 1 dia de paz e 6 de depressão.


A luta de todo dia onde se já começa derrotado.


Sísifo na mitologia grega, punido pelos deuses por ser astuto demais e ter a chama da rebeldia queimando. 


Sua punição era empurrar pelo resto da vida uma pedra até o topo de uma montanha, onde sempre rolaria de volta sempre próximo do cume.


Aquele tarefa inútil, o esforço diário que não levava a lugar nenhum.


Aquele sentimento latente da falta de esperança.


Tem dias que eu levanto amargo, com uma nuvem negra no topo da minha cabeça.


Hoje era um desses dias.


Eles eram menos comuns que antigamente, mas ainda vinham com os pés no meu peito, me mostrando que eu não era essa fortaleza toda.


Na sua volta, os que deveriam ser apoio se tornam problemas.


Você recebe pressão de todo tipo.


É criticado o tempo todo.


Tem que lidar com manipulação emocional em cada esquina.


As pessoas esquecem de olhar a própria vida para opinar e atrapalhar seu caminho.


Suas escolhas são julgadas a cada minuto.


Se eu me importasse, isso seria um problema a mais.


Mas ainda, sim, isso é algo a se desviar, então você precisa de caminhos alternativos para fugir disso.


Você nunca vai se recuperar 100%.


Porque o mundo la fora não vai ter pena ou entender que seria de bom tom dá uma segurada no tempo.

Vai perceber que para se proteger, você esta abdicando de viver.


Seus sonhos são rascunhos de uma vida que você projetou no seu interior.


Por que abrir mão deles?


Por alguém?


Por algo?


Não sei, nada parece ser um motivo plausível.

Olhe para frente.


Perceba o cenário.


Entenda os detalhes do caminho.


Reveja seus excessos.


O que parece seu suporte pode ser exatamente o que esta destruindo sua paz.


Cuidado com amigos que interferem nas suas decisões.


Mostrar o ponto de vista de quem vê de fora, não pode ser pretexto para tentar guiar a sua jornada.


Fuja de mentores espirituais e terapeutas que só sorriem para o seu dinheiro ao invés de lidar com o seu problema.


Te tratam como uma criança mimada que não pode ouvir um não.


Talvez você seja.


Ouça o que o mundo fala com você.


Eu vim para o mundo e fiz minhas regras básicas.


E mesmo elas foram ficando adaptáveis.


O mundo tem milhões de pessoas para você deixar uma ou outra jogar sua vida em uma fogueira.


Foda se eles.


Não importa se tem seu sangue ou que repitam que te dão apoio por anos.


Tudo isso pode ser a construção de um personagem, um cenário ou mesmo uma lenda que todos contam por aí.


Se dê o direito de se ofender.


De virar as costas.


Deixe sua empatia falar.


E mesmo sua raiva.

Esse templo perfeito que as pessoas mostram, não existe.


Mas às vezes, a imagem é tão bonita e sólida, que leva você a uma fé cega em uma projeção feita com cores chamativas.


Não compre esse discurso.


A vaga do idiota da vez está lá, você pega se quiser.


O equilíbrio é a única resposta plausível para que você possa minimamente tentar achar um lugar onde você tenha calma para ir entendendo as respostas que precisa.


Não tem manual.


Nem eu, no auge da minha arrogância, viria aqui te ensinar a viver.


Até porque você estaria fudido com meus ensinamentos.


Mas tento errar menos.


Tento ignorar menos esses erros.


E entendê-los, para conseguir me entender.


Se conhecer pode fazer a diferença em frente a desafios.


Não ser a porra de uma sombra de alguém é a melhor escolha possível de vida.


A única que te garante a não mediocridade.


Mas você pode ser aquele que repete discursos dos outros por aí.


Pior, que só tem palavras colocadas por alguém. 


Alguém controlado e manipulado até mesmo nos movimentos.


Se seu líder religioso determina suas escolhas ou seu companheiro define seu caráter, você é um nada para o universo.


Desistiu de ser quem você sempre sentiu ser, para virar algo que alguém quer.


Quando encontro pessoas assim, posso até me enganar por um tempo com sua aparência e historia criada, mas a tendência é eu reconhecer esse vazio tão negativo.


Não é uma energia que me faça bem.


Pelo contrário, me dá repulsa.


Uma alma sem brilho que tem uma vibração que destrói a energia das pessoas a sua volta.


Eu vejo falsos sorrisos o tempo todo.


E tento cada dia mais me afastar deles.


Faço isso não só por mim, mas para que essas pessoas percam a relevância.


Deixem de sugar a vida de outros.


Tem dias que preciso gritar para me livrar dessas energias.


Eu vivo um dia de cada vez.


E nem isso é uma desculpa para eu ser um idiota irresponsável.


Minha visão de família não é a tradicional.


Meu mundo é amplo demais para seu desprezível modo de ver a vida.


Tudo é escolha.


E você escolheu ser um idiota.


Confunde sua petulância com coragem.


Arrota a cartilha que lhe foi imposta como um troféu.


Pobre menino.


A vitória de uns é a derrota de outros.


É para isso que existem os derrotados, para fazer os vencedores.


Parabéns, você conseguiu achar sua função nessa terra.


Continuem com esse sorriso bobo no rosto e aproveite seus dias de glória.


O tempo de seguir uma promessa de nada, acabou.


Sair desse buraco que você se encontra só vai depender de você.


Afastar essa escuridão ou deixar ela te consumir é sua escolha.


Eu consigo ver potencial nas pessoas e você tem o que pode mudar o mundo.


Mesmo que seja o seu, o qual é o mundo que mais importa.


A sua revolução colocará fogo na minha chama e na de muitos.


Sua felicidade vai iluminar o caminho dos que precisam.


Seu potencial será o farol abandonado que voltou para guiar as embarcações.


Você só precisa parar com esse seu foco.


Seu foco nas coisas negativas.


Isso te cega para as coisas positivas.


E com isso te cega para o mundo.


Sua cegueira tem cura.


Só depende de você e mais ninguém.


A hora que você retornar sua luz.


Meu barco conseguirá continuar o caminho.

domingo, 15 de setembro de 2024

Para sempre...

 




Depois de Florença, eu tive meu tempo de “reabilitação”.

Foram dias sombrios.

Desci diretamente ao inferno e sentei com meus demônios.

Era certo de que não sairia ileso daquilo.

Depois de algum tempo morando sozinho em uma cabana no interior da Noruega, era hora de voltar.

Voltar?

Como se eu tivesse controle da minha vida.

Maeve estava ali de frente para mim me dizendo que precisava ir para Nova York.

Em circunstâncias normais eu diria foda se e até rasgaria meu passaporte para não viajar.

Mas aquilo parecia uma responsabilidade que não poderia ignorar, mesmo ignorando por anos sem saber.

Uma sexta-feira 13 a noite, eu estava na “cidade que nunca dorme” e em vez dos filmes de terror eu falava sobre uma história de amor.

Mas não essas com finais felizes.


Talvez bem mais próximas dos mesmo filmes que a gente adorava assistir juntos.


Horror sempre foi nossa pegada.


Os desajustados funcionam melhor nesse ambiente. 


Latini e Elliot estavam comigo em um pub irlandês em Nova York, que era mais comum do que se imagina.

Mas esse era um especial.


Bem antigo e barato.


Frequentado pelos coroas mais tranquilos e gente fina da cidade.


Ali, só aposentados, sempre com sorriso no rosto.


Eu ia sempre que estava na cidade.

O dono do bar, aquele senhorzinho sorridente e simpático, sempre estava la para me atender.


Ele era um pouco surdo e sempre reclamava de como estava quente em Nova York.


Era tempos de verão, então a reclamação seria por um bom tempo.


Eu sempre o chamava de Chef, já que minha memória para nomes não era das melhores.


E no restaurante aprendi que esse era o jeito mais fácil de lidar com a rotatividade de funcionários.


3 doses de Jameson e 3 cervejas, era assim que íamos nas nossas rodadas na mesa.


O Chef não bebia mais há 30 anos, então só se divertia nos servindo e lançando umas pequenas piadas.


- Vocês bebem como irlandeses.
Foi bebendo assim, que resolvi parar. - Ele se divertia com sua própria maldição.

Um irlandês que não pode beber mais.

Essa era a sua história de vida.


Latini tentava oferecer dinheiro para que ele tomasse uma dose.


Esse humor errado de Latini, às vezes passava dos limites morais aceitáveis.


Chef sorria e no topo da sua experiência de vida, já conseguia identificar Latini como uma idiota. 


Ele negava a proposta com um sorriso tranquilo enquanto ia se afastando e fazendo com a cabeça para mim que estava tudo bem.


Elliot então tomava a frente para não deixar que Latini acabasse com aquele clima de amigos trocando ideia no bar.


- Você me prometeu que um dia me contaria sobre o amor da sua vida, se eu tomasse conta dela, hoje parece ser um bom dia para essa história. - Elliot com uma coragem rara me cobrava de uma dívida.


Latini então engasgou com a bebida enquanto arregalava os olhos.


Todo mundo do nosso grupo de amigos, sabia que eu não falava sobre isso.


Era um assunto proibido, não oficialmente.


Mas se alguém podia me perguntar sobre isso, era Elliot, e esse era o dia correto.


Nem mesmo Faith tentava.


Em algum momento da vida, eu dei a Elliot a missão de cuidar de longe, dela por mim.


Ele era uma espécie de anjo da guarda, já que ela não via e não sabia sobre.


Parece uma coisa meio doida e até meio errada.


Mas eu fiz uma promessa e ia cumprir ela ate o fim.


E dessa forma, sem nenhum tipo de intervenção, ele acompanhava sua vida de forma afastada.


Eu não queria nenhum tipo de relatório, apenas a orientação, qualquer problema informe a John.


Não soube notícias dela por anos.


Mas John, que também foi amigo dela, sabia dos meus temores e da minha promessa.


Eu parei por uns segundos pensando sobre aquele questionamento, e conseguia perceber o semblante desesperado de Latini e o arrependimento de Elliot, como se tivesse me ferido.


- Pois bem, porque não escrever essa história para você em uma noite de sexta-feira 13.

Uns chamam de meu primeiro amor, outros falam sobre o amor da minha vida.


Acho que tudo isso se aplica de alguma forma.

Era incomodo e até um pouco dolorido reviver esses sentimentos.


Pensar sobre eles me davam um pouco de taquicardia.


Mas eu estava em uma fase melhor.


A fase onde eu trocava uma garrafa por outra talvez não fosse o tempo de revisitar isso.


Ela era algo potente demais na minha vida.


Talvez a essência vital do Vigário que existe hoje.

Nos conhecemos jovens e foi amor a primeira vista.


Nunca tinha sentido nada parecido.


Uma avalanche arrebatadora.


A loucura dela se encaixava perfeitamente com a minha.


Era um encontro de almas que se amavam de outra vida.


E talvez por isso não tenha dado tão certo.


Viemos para essa vida com esse desgaste de outras tantas vidas.


Tivemos momentos que dinheiro nenhum no mundo compraria.


Não trocaria nem um segundo que passei com ela por nada, nem mesmo os piores segundos.


Ela era calma e doce de um jeito que parecia ter uma aura de paz em volta.


Nos tínhamos uma química que nenhuma tabela periódica conseguiria explicar.


Tínhamos cumplicidade, amizade e amor na mesma medida um pelo o outro.


Isso era raro de se ver.


Não tínhamos brigas e estávamos sempre conversando sobre tudo.


Isso parecia o relacionamento perfeito.


Até não ser mais.


Em algum momento, começou a aparecer seu lado obscuro.


A depressão.


E a depressão dela era um buraco negro.


Sugava tudo a sua volta.


Principalmente a minha força vital.


Então outras fases foram se acumulando a isso.


Drogas, tentativas de suicídio e depressões profundas.


Meses sem sair de casa.


Ela não tinha mais vontade de viver.


Eu me sentia responsável de alguma forma.


Como assim eu sou o amor da vida dela e não consigo salvar ela disso?


Esses questionamentos e cobranças me criavam um buraco negro tão grande quanto o dela.


No meu caso, o álcool foi o amigo que estaria la para me consolar.


E assim fomos se perdendo um do outro.


Foram anos de relacionamento e segundos para vê-lo definhar.


Ela foi virando um livro de promessas vazias.


Eu fui mudando com ela ao invés de trocá-la.


Jamais deixaria de brigar pelo amor da minha vida.


Antes eu parecia ser a razão dela respirar e no final eu parecia ser a razão para ela chorar.

Ver ela naquele estado me destruía.


Parecia que eu estava esperando pelo amanhã com a esperança de que tudo melhorasse.


Mas o amanhã nunca veio.


O amor dela por mim continuava la ate o final.


Mas ela sempre foi mais razão que emoção, essa era nossa diferença.


Em algum momento, ela entendeu que o problema dela estava sendo demais para eu suportar.


Dai o fatídico dia, da carta de despedida na minha cama.


No auge da sua depressão profunda, ela decidiu que só faria mal a ela mesmo, e me deixou.


Desde então nunca mais a vi.


Mas prometi a ela que cuidaria dela pelo resto da minha vida.


Não importaria onde ou como, eu estaria la de alguma forma.


E tenho feito isso desde então.

Antes por John e hoje em dia por Elliot.


Depois da sua despedida, ela ficou alguns bons anos lidando com sua depressão agressiva.


Anos sendo demitida das empresas que trabalhava devido às licenças medicas intermináveis.


Eu respeitei sua despedida e nunca mais cruzei seu caminho.


Procurei não saber nada sobre ela.


Apenas a mesma pergunta de sempre.


Ela está bem?


Era só o que eu precisava saber.


Até aquele momento onde Maeve me trouxe para Nova York para encontrá-la.


Eu jamais iria se não fosse pelo que ouvi.


Se ainda havia alguma coisa a dizer, era para esse dia que estava sendo guardado.


Aquele encontro e aquela revelação fariam de mim uma pessoa diferente a partir daquele momento.


Elliot me olhava hipnotizado ouvindo a cada palavra e respirar meu.


Ele sabia do peso e da importância daquele momento.


Eu tinha encontrado ela no dia anterior dessa conversa de boteco.


E me preparei para a sexta-feira 13 como um sobrevivente de um filme de massacre.


Latini que perdia o amigo, mas nunca a piada, não conseguia deixar de brincar com aquela notícia do dia anterior.


- Desculpa Vigário, mas é por isso que eu sempre digo, não seja o primeiro e não seja o ultimo. - Falava enquanto gargalhava.

Aquele encontro foi um divisor de águas na minha vida, mas acima de tudo provou para mim algo que eu sempre desconfiei.

Que seria para sempre.

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

O luto de um eremita

 



Acabei de rezar para um Deus no qual não acredito.

Apenas para não sentir mais essa sensação de aperto no coração.

Uma angústia sufocante que machuca e me enfraquece cada dia mais.


Preciso lidar com o luto.

Luto esse, que ignorei por meses.

Luto que fingi não existir.

Entrei em uma série de lugares que achei que poderiam me esconder ou tirar esse sentimento.

Quando me acovardo com algo que tem o potencial de me destruir, vou para o meu jardim da insanidade.


Fico recluso la.

Excêntrico, diria o poeta.

O jardim que criei como refúgio, onde me afogo em exageros e estou rodeado de flores mortas.

Não existe a beleza das rosas.

Apenas aquele dia nublado e o ar pesado.


La minha ansiedade fica fora de controle.

Tira o ritmo dos meus batimentos.

Minha respiração é dificultada como se eu tivesse uma crise séria de asma.


Passo o tempo todo la com aquele choro preso mesmo sem entender o motivo.


Por alguns segundos tenho a sensação de que vou perder a consciência.

E isso se repete várias vezes no dia enquanto estou la.


Tremo sem nenhum controle.

Os dias se passam devagar e esse peso me segue por meses.

Com o passar do tempo, eu vou mais vezes ao meu jardim do que deveria.

E com isso vou me envenenando assim como toda aquela vida que já existiu ali.

Sem perceber, estou me amaldiçoando por não combater aquela sensação ruim.

Sinto aquele gosto amargo na boca de que eu não pertenço ali, e essa é a primeira luz no fim desse túnel.


Essa lição é demorada, mas ela me pega.

Eu preciso da sua companhia como preciso da luz do sol de volta ao meu jardim.

E perceber que isso não é mais possível é o que deixou meus olhos sem brilho e vazios.

Nos seus últimos dias estávamos bem próximos do nosso jeito.

Eu podia ter me preparado melhor.

Eu deveria ter feito suas últimas vontades.

Mas achei que estaria ajudando você a desistir da sua luta pela vida.

Sempre soube da dívida que teria com você mesmo antes de te conhecer.

Nos seus últimos minutos, eu não estava la dê mãos dadas com você.

Mas o seu último suspiro eu pude sentir do outro lado do mundo.

Aquela noite meu quarto tinha sua presença.

Sua energia estava ali.

Aquilo me pegou de surpresa, eu não tinha ideia do porquê daquele sentimento.

Voltei a dormir, até ser acordado com o anúncio do final do seu livro.

Livro que fiz parte de vários capítulos, e me orgulho enormemente de ter sido escolhido para essa história.

Seu sorriso não perdia o poder nem com toda aquela morfina.

Nem as suas dores deixavam você desistir de se preocupar comigo.
Você tinha o poder de trazer todo mundo de volta e eu consigo sentir sua decepção em me ver naquele jardim.

Você conhecia aquele jardim.

Já me pegou pela mão varias vezes, me trazendo de volta.

Depois que você se foi, me senti responsável.

Me culpei.

E com isso perdi minha esperança.

Talvez meu jardim não fosse tão ruim assim.

Mas ali, fingindo que o meu mundo não estava tão acabado, consegui ouvir você.

“Olha para o céu, procure as estrelas e foque na beleza delas.”

Você sempre dizia isso, seguido de um socão no meu ombro.

Sempre intercalando com uma voz doce e gestos não tão doces assim.

Essa sempre foi sua forma de tentar me trazer de volta.

As últimas palavras que ouvi de você ecoou minha cabeça a manhã inteira.

“Eu te amo, você me deixa muito orgulhosa”.

Esse amor puro e verdadeiro que você dedicou ao seu amigo vai continuar sendo meu resgate.

Foi aí então que resolvi encarar meu luto.

Era como se eu conseguisse ouvir você mandando eu levantar e parar de chorar.

Porque chorei.

Chorei como nunca.

E aquele peso no peito foi aliviando.

Voltei a passar o cadeado na porta do meu jardim.

Minha nuvem negra se dissipou.

Eu continuo pensando em você sempre, mas agora com mais alegria.

Eu entendi que, de alguma forma, eu ainda posso viver por você.

Pegar alguns dos seus sonhos e fazer deles, os meus.


Era hora de deixar de lado meu lado eremita e voltar a viver.

Cada segundo conta.

Por nós

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Elipse

 



Se você olha e não percebe, no mínimo desatento esta.

Cego pela arrogância ou realmente se acha um lobo líder de uma matilha.

Uiva e os outros seguem.

Mas eu sempre fui um lobo solitário.

Seguir idiotas jamais.

Quando você deixa ser guiado por esse tipo, você ajuda um sistema doente.

Você vai assistir vários serem julgados e excluídos, enquanto seu suporte é parte do que faz ele forte.

Esse suporte faz de você cúmplice.

Participe disso calado, recebendo seus tapinhas nas costas.


Mas saiba de uma coisa.


Você será o próximo a ser aniquilado.

Ta tudo ali, não precisa ser falado.

Às vezes o não falar, diz mais que palavras bonitas e planejadas.


Você precisa entender o seu lugar.


Precisa direcionar sua vida para onde você possa ser você mesmo, sem ter que se esforçar para se encaixar.

Sem ter que esconder quem você verdadeiramente é.


Se você abre muito mão da direção que quer seguir, sozinho ou rodeados de pessoas, você continuara perdido.


Pessoas podem ser apenas números.


Está lá, omitido, mas está lá.


Não importa se uma ou mais palavras sejam omitidas nesse discurso, o ideal está lá.


E não existe coisa mais forte que um ideal.


Não se perca por falsos profetas.


Faith é ótima com elipses.


O que é engraçado, pois é do grupo, o discurso mais fácil de se assimilar sempre.


E ela estava aqui com aquele sorriso de sempre e uma leveza que Gandhi nem chegou perto.


Confiante e disposta a me tirar daquela fase confusa, la estava ela analisando as luas e coisas relacionadas ao meu signo.


- “Convém evitar forçar enfrentamentos sobre temas complicados, respeitando o espaço e o tempo de cada um. 
Lua e Mercúrio se encontram na área de relacionamentos, podendo contribuir com vínculos pautados no diálogo e na cumplicidade.” - Ela lia compenetrada como se achasse a solução dos meus problemas naquelas palavras.

Eu apenas sorria de desespero daquela situação.

Ela levava isso muito a sério, e se eu não fizesse o mesmo com ela, seria vítima dos seus socos cheios de raiva no meu ombro tão sofrido da vida.

- Você realmente se encontra em um labirinto, ou melhor, você é o labirinto.
Mas se você consegue ser o labirinto, também pode tentar ser Teseu, o herói dessa historia.
Eu serei sua corda e não vou deixar você se perder. - Faith tinha convicção nas suas metáforas.

Mas tinha um problema nessa comparação.

Meu labirinto do momento, não tinha um minotauro, e sim três.

A loucura disso era que esse não era exatamente meu perfil.


Eu era total monogâmico.


Vinha até de uma fase bem tranquila fora desse campo de guerra chamado relacionamento.


Pois bem!


Nada era oficial, por isso tinha me deixado se enrolar desse jeito, em encontros esporádicos sem nenhuma forma de responsabilidade.


Você me conhece, sabe que isso não funciona para mim.


Aquele tempo que eu andava louco por aí, me jogando em qualquer ménage que pudesse ser uma boa história para contar, não me atraia tanto mais.


Nem a ilha de Creta era capaz de imaginar um labirinto com três minotauros.


La estava eu novamente pirado, lidando com perfis completamente diferentes.


A primeira, a liberdade em pessoa.

Sua casa era o mundo.


A cada semana estava em um lugar diferente.


Difícil até mesmo de acompanhar os pensamentos.


Tinha conhecido pelo mundo na última viagem com Ari.


Ela resolveu tirar um tempo sabático, que no caso dela, significava parar em um lugar por um tempo.


Então, teve a brilhante ideia de ficar na cidade e vir me visitar algumas vezes na semana.


Mas ela era uma nômade e dizia ser uma ladra de corações.


Quando conseguia o do momento, voltava a se jogar pelo mundo.


Então com essa ameaça, resolvemos ser amigos que fodem, palavras dela.

Ela seria a famosa gato preto.


Faith gargalhava enquanto traçava os perfis das psicopatas que estavam na minha vida no momento.


No nosso divã, montamos como Faith gostava.


Ela colocava Ramones para tocar de fundo na minha vitrola, com um som bem agradável, nada muito alto.


Eu preparava seu sanduíche preferido e ia lhe contando detalhes de cada uma das três.


Faith parecia chegar próximo de um orgasmo com esse nosso ritual e tudo que ouvia.


No lockdown eu criei um sanduíche para Faith, e ela desde então criou esse caso de amor eterno comigo na cozinha.


- Não existe coisa melhor que Ramones, uma cervejinha e meu sanduíche preferido. - Ela transbordava felicidade enquanto dava mais uma mordida.


Seu sanduíche era bem simples, mas tinha duas coisas que ela amava, tomate seco e lagosta.


A receita era fácil.


Um pão brioche bem fofinho.


Um molho que era uma junção de mel, limão, maionese e cebolinha da mais fininha e menor que tem.


Aqui na Irlanda, se encontra como Chives.


Mistura se uns camarões, um pouco de carne de caranguejo e aquela carne linda que uma boa lagosta pode dar.


Tomate seco, picles e um pouco de coentro para realçar essa mistura louca.


Assim eu cuidei de Faith todo o lockdown.


A segunda, eu podia dizer que era um caso mais fácil de entender, mas como não entendi, o caso se complicou.


Já conhecia a bastante tempo.


Houve umas épocas de encontros e outras de desencontros.


Alternávamos relacionamentos


Quando ela ficava solteira, eu me envolvia com alguma das minhas exs.


A liberdade cantava e la estava ela com uma aliança enorme no dedo.


Nos parecíamos ser amaldiçoados em relação a ficar junto.


Aí aquela porta se abriu.


E fomos pegos de surpresa.


3 segundos e estávamos na cama, mas traumatizados demais para achar que poderíamos lidar com o trauma do outro.


Logo, fomos fazer aquele velho e idiota acordo de cavalheiros.


Nada de sentimento, só diversão.


Ela gostava de dizer que me amou primeiro, mas nem isso era suficiente para ela querer tentar um relacionamento de verdade.

Vou chamá-la de meu doce pecado.


Ela trabalhava em Londres e só aparecia aos finais de semana.


E aí vem a terceira.


Essa eu tenho que admitir que até tentei no início.


Mas era impossível.


E ela não parecia ser alguém que iria lidar com um término tranquilo.


Então ela mesmo resolveu, que se não tivesse um início, não existiria final.


A menina da neve, era uma bomba.


Linda, meiga e carinhosa, mas só quando estava quente.


E ela parecia morar na sibéria.


Fazia nevar diariamente.


Era uma viciada compulsiva em cocaína.


Aparecia na minha casa sempre de madrugada.


Ela tinha duas versões.


A apaixonante e super inteligente quando estava sóbria e a que trazia todo o caos do mundo nas costas quando estava usando a droga.


Ela lidava bem, mesmo quando usava, mas aquilo me assustava.

Tudo era potencializado, e eu pisava em ovos.


Como fui parar ali?


Não tinha ideia.


Nenhuma das três queriam relacionamento naquele momento.


Eu queria paz.


E relacionamentos geralmente era onde eu encontrava isso ou uma vida de celibato forçado.


Era difícil lidar com aquilo e Faith achava aquilo complicado até mesmo para mim.


- Já vi você com casos bem complicados antes, mas nada como essa situação atual.

Às vezes omitir não é tao bonito como uma elipse se diz ser.


Muito menos é clara no sentido.


Depois de tantos anos, fazia tempo que não me via em uma situação dessas.


Na época da Cartomante e da Mafiosa, eu meio que escolhi a Mafiosa.


O que só prova que minhas escolhas são bem questionáveis.


Faith sempre foi time Cartomante.


Tirando toda essa história de signos, Faith era ótima em apontar e dizer que aquilo era uma furada, pelo menos para mim.


Porque para ela, nunca vi um dedo tão podre.


E claro que chegamos ao ponto onde, seguindo roteiros de filmes, Faith achava de bom tom eu fazer uma lista de pós e contras das três para chegarmos a uma pontuação.


Eu jamais faria aquilo, e ela sabia, e sorria sabendo o quão errado aquela ideia era.


- Tudo bem, admito que não é uma ideia boa, já aprendemos isso nos filmes.
Então me diz algo que te venha na cabeça sobre cada uma. - Ela apostava que, com a imaginação de um escritor, viesse algo que a descrição resolvesse as dúvidas que apareciam na sua investigação.

Fiquei intrigado com aquele pedido.


Tomei um gole da minha cerveja, foquei no “Hey ho, let's go!” e sua batida de fundo e me coloquei naquele cenário com cada um e deixei vir o sentimento que me vinha pensando em cada uma.

Minha cabeça não funciona como de uma pessoa normal.

- A gato preto chega perto de mim e incendeia minha alma com liberdade.
Eu viro uma pessoa diferente, ela me leva para uma dimensão onde eu não tenho mais medos.
Mas, ao mesmo tempo, ela me passa a sensação de que vai embora a qualquer minuto e nem vai dizer adeus.

Faith ouvia atentamente sem nenhum tipo de gracinha, ela estava focada em entender o porquê eu estava naquele labirinto após parecer ter achado meu caminho.

- Meu doce pecado tem o toque que me tranquiliza, parece uma aura onde eu fico protegido de tudo e de todos.
Posso ficar horas conversando com ela sem me entediar.
E você sabe como isso é raro para mim.
Ah e claro, e não menos importante, eu tenho uma queda absurda pelas sardas dos seus seios.
Acho aquela beleza digna de Afrodite no auge do Olimpo.

Faith agora sorria.


Me conhecendo bem, ela sabia que aquilo era menos sexual do que parecia.


Eu realmente sabia apreciar pequenos aspectos de beleza como um relojoeiro com um relógio


- A menina da neve estava sempre com aquela nuvem negra de caos, mesmo que sorrindo inocentemente.
Ela parecia falar e mexer mais com os meus demônios.
Só que ela tinha aquele ar de ser a música que ninguém canta, só você.

Faith parecia intrigada.

Pegou o papel onde fazia suas anotações, amassou e jogou fora.

- Precisaria de um mapa astral de umas três gerações de cada uma delas para entender alguma coisa nessa historia.
Vigário, não lembro de falar isso para você antes, mas parece que dessa vez você esta fudido mesmo. - E ela gargalhava bebendo sua cerveja e tocando sua bateria imaginaria seguindo a música de fundo.


Em outros tempos resolveria isso bebendo em todos os bares da cidade.


Mas essa fase tinha ficado no passado.


Então chegamos a conclusão, que o ideal era eu deixar rolar e jogar o jogo.


Não parecia ter algo melhor para fazer, então resolvi segui a canção.

“Hey ho, let's go!

Hey ho, Vamos la!”